O primeiro-ministro de Papua Nova Guiné, James Marape, rebateu neste domingo (21) uma fala em que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, insinuou que seu tio, veterano de guerra morto em um acidente de avião em 1944, teria sido vítima de canibais no país da Oceania. O líder americano fez o comentário na quarta (17), após visitar um memorial na Pensilvânia.
Em comunicado, Marape diz que Biden “pareceu dizer que seu tio foi comido por canibais depois que seu avião foi abatido sobre a Papua Nova Guiné durante a Segunda Guerra Mundial“. Na ocasião, o presidente americano afirmou que “nunca encontraram o corpo, porque havia muitos canibais, de verdade, nessa parte da Nova Guiné”.
A versão de Biden diverge, no entanto, dos registros da defesa americana. Os documentos mostram que a aeronave de Ambrose Finnegan [tio do presidente americano] se deslocava a Papua Nova Guiné e teve de “pousar no oceano por motivos desconhecidos”.
Na quinta-feira (18), a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, confirmou que Finnegan morreu após o avião militar em que viajava cair no oceano Pacífico, não sobre terra firme.
“Os comentários do presidente Biden podem ter sido um deslize linguístico; no entanto, meu país não merece ser rotulado como tal”, disse o premiê. “Insto o presidente Biden a fazer a Casa Branca investigar a limpeza dos restos da Segunda Guerra Mundial para que a verdade sobre veteranos desaparecidos, como Ambrose Finnegan, possa ser esclarecida.”
Historiadores dizem que Papua Nova Guiné foi crucial na condução dos Estados Unidos pelo oceano Pacífico para libertar as Filipinas na Segunda Guerra. O impacto da guerra permanece, no entanto, sensível entre os habitantes das ilhas do Pacífico.
Marape afirmou que sua nação foi “inutilmente arrastada para um conflito que não era de sua responsabilidade”. Até hoje, disse ele, civis da Papua Nova Guiné e das Ilhas Salomão ainda são vítimas de bombas que não foram detonadas durante o conflito.
Os Estados Unidos assinaram um acordo de cooperação de defesa com a Papua Nova Guiné no ano passado, em meio à competição por influência na região com a China, que tem um pacto de segurança com as vizinhas Ilhas Salomão. Neste domingo, o premiê Marape se encontrou com o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, para fortalecer laços econômicos.