O primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, está em estado grave, mas estável depois de ter sido baleado em um atentado na quarta-feira (15), e já consegue falar um pouco, de acordo com Peter Pellegrini, presidente eleito do país.
Pellegrini falou com a imprensa nesta quinta-feira (16) depois de visitar Fico no hospital na cidade de Banska Bystrica, próxima do local do atentado, em Handlová —a condição do premiê era grave demais para que ele fosse levado à capital do país, Bratislava.
“Ele consegue falar algumas frases, mas está muito cansado e medicado”, disse Pellegrini, que é aliado de Fico e foi eleito presidente no dia 6 de abril, com a posse marcada para 15 de junho. O vice-premiê Robert Kalinak disse que é cedo para saber se Fico vai se recuperar do ataque, uma vez que foi alvejado quatro vezes.
A diretora do hospital, Miriam Lapunikova, disse que ele passou por cinco horas de cirurgia para tratar os ferimentos à bala, e que ele vai permanecer na UTI pelo futuro próximo.
O atentado contra Fico foi a primeira tentativa de assassinato contra um líder europeu em mais de 20 anos, e o ataque foi condenado por uma série de líderes mundiais, do americano Joe Biden ao russo Vladimir Putin.
O ministro do Interior, Sutaj Estok, disse que o atirador agiu sozinho e que já havia participado de protestos contra o governo no passado. “Trata-se de um lobo solitário que se radicalizou sozinho desde a eleição presidencial em abril”, disse Estok, que afirmou que os motivos pelo ataque foram as atitudes do governo em relação à Ucrânia e casos de corrupção.
Robert Fico foi eleito premiê em setembro de 2023 prometendo reduzir o envolvimento de seu país na Guerra da Ucrânia —desde então, o político veterano decidiu interromper o fornecimento de ajuda militar a Kiev e incentivou que o país cedesse parte de seu território para acabar com o conflito.
O autor dos disparos contra Fico foi identificado pela imprensa local como um escritor de 71 anos. Ele trabalhou como segurança de shopping e escrevia livros de poesia. Vizinhos dele disseram à agência de notícias Reuters que o homem não demonstrava nenhum sinal de extremismo político.
“Ele era educado, e não parecia ter opiniões fortes sobre política, embora discordasse do governo”, disse o aposentado Mile Ludovit, 68, que afirma conhecer o suspeito há 40 anos. “Ouvi dizer que ele planejava [o atentado] há mais de um mês, mas eu não vi nenhum sinal disso”, afirmou Ludovit.
O filho do atirador disse à imprensa eslovaca que o pai tinha uma arma legalizada, mas que não sabia de nenhum plano do escritor contra Robert Fico. A polícia eslovaca disse que o suspeito foi indiciado por tentativa de assassinato nesta quinta, mas não deu mais detalhes da investigação nem confirmou oficialmente a identidade do suspeito. A segurança do Parlamento do país foi reforçada.