Seis pessoas ficaram feridas em um voo recente que partiu de Los Angeles para Maui, no Havaí. O motivo: o pouso brusco do avião, uma ocorrência considerada comum na aviação.
O Airbus A321-200N da American Airlines, registrado como N416AN, estava realizando o voo AA-271 com 167 passageiros e 7 tripulantes quando pousou na pista 20 de Kahului, fazendo um pouso com força excessiva no início da tarde. O impacto com o asfalto foi tão forte que causou ferimentos em cinco tripulantes e um passageiro.
O Departamento de Polícia de Maui relatou que os seis indivíduos foram levados a um hospital em condições estáveis. Os detalhes específicos dos ferimentos não foram fornecidos, mas todos os seis foram liberados no mesmo dia do incidente.
Apesar do ocorrido, a aeronave se moveu sem problemas da pista até o pátio. No entanto, ela foi submetida a uma inspeção para que técnicos pudessem identificar eventuais danos à estrutura.
De acordo com o Aviation Herald, a Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA) relatou: “O voo 271 da American Airlines, um Airbus A320, fez um pouso brusco na pista 20 do aeroporto de Kahului, no Havaí, aproximadamente às 14h, horário local. A ocorrência será investigada.”
O comandante e instrutor de linha aérea, Fernando Pamplona, manifestou surpresa em relação ao incidente:
“Dos feridos, cinco são tripulantes, que deveriam estar sentados e com cinto, e não estavam, o que indica alguma falha em procedimento, pois se estivessem conforme o previsto, ninguém teria se machucado.”
Pamplona observa que pousos duros geralmente não resultam em ferimentos para passageiros nem tripulantes:
“Eventos como ‘hard landings’ ocorrem todos os dias sem consequências sérias, a não ser uma inspeção detalhada na aeronave, que geralmente volta a voar sem demora.”
Quem viaja de avião com certa frequência deve ter experimentado um pouso brusco, na aviação chamado de ‘hard landing’, aqueles em que a aeronave dá uma “pancada” forte na pista no momento do pouso.
Entre as causas desta ocorrência, estão:
– Ângulo e velocidade de descida excessivas;
– Rajada de vento;
– Turbulência;
– Temperatura;
– Tesoura de vento, que pode ter origem em nuvens de movimento intenso (cumulunimbus);
– Aproximação não estabilizada;
– Controle manual incorreto de vôo
– Baixa visibilidade (falta de noção de profundidade)
Um estudo do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) indicou que, no período de cinco anos de 2012 a 2016, 11% das condições indesejadas das aeronaves tiveram a aproximação não-estabilizada com um fator contribuinte. E que as fases de aproximação e pouso responderam por aproximadamente 61% de acidentes no período, e que aproximação não-estabilizadas foram um fator em 16% destes acidentes.
A análise revelou que as aproximações não-estabilizadas foram citadas como um dos fatores que contribuem para:
(a) Pouso Duro (Hard Landing): 50%
(b) Saída de pista/pista de táxi (Runway/Taxiway Excursion): 27%
(c) Toque de Cauda (Tail strike): 9%
(d) Pouso curto – antes da cabeceira (Undershoot): 6%
(e) Perda de controle em vôo (Loss of Control In-flight – LOC-I): 3%
(f) Danos durante o vôo (In-flight Damage): 3%
(g) colisão com o solo em vôo controlado (Controlled Flight Into Terrain – CFIT): 3%
Obs.: os percentuais são arredondados, somando 101%
A análise dos 11% das condições indesejadas das aeronaves mal gerenciadas, que envolveram aproximações não-estabilizadas, mostrou (em números decorrentes de ações cumulativas e não excludentes entre si) que:
– 74% dessas ocorrências foram atribuídas ao controle manual incorreto de vôo;
– 53% para a não realização de arremetidas após a ocorrência de uma aproximação não-estabilizada;
– 47% para o não cumprimento dos procedimentos operacionais padrão (SOP);
As condições indesejadas das aeronaves podem ser efetivamente recuperadas pelos pilotos, restaurando as margens de segurança operacional; alternativamente, respostas incorretas podem induzir um erro adicional, violando uma linha de defesa e aumentando o risco de um incidente ou acidente.
O DECEA também faz referência ao documento “IATA Safety Report 2017” (relatório de Segurança IATA 2017), no período de cinco anos de 2013 a 2017, que avaliou que aproximação não-estabilizada foi a terceira causa mais comum para uma condição indesejada das aeronaves.
Pelo documento, 22% dos acidentes fatais ocorreram na aproximação final.