Gislene desembarca no Aeroporto de Lisboa com uma mistura de nervosismo e esperança. Ela tem 35 anos, é engenheira de software e deixou São Paulo em busca de uma vida mais segura em Portugal. Observando a longa fila de imigração, sente, silenciosamente, um alívio.
Sendo brasileira sabe que tem agora uma vantagem significativa. Enquanto outros imigrantes vão enfrentar uma montanha de burocracia, a nova lei de imigração lusa a coloca no “sem parar”.
O novo governo de Portugal, minoritário e de direita, reformulou nesta semana suas políticas de imigração, restringindo o acesso a muitos imigrantes que descontroladamente tem procurado esse país, mas essas medidas não afetam os cidadãos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Gislene é uma personagem fictícia, mas para muitos como ela, pessoas reais, essa mudança não é apenas uma conveniência burocrática que a coloca em uma fila menor. Trata-se de um reconhecimento do vínculo profundo que une suas nações de origem a Portugal.
Esse movimento estratégico reflete uma decisão consciente e pragmática de Portugal de acolher e fortalecer seus laços com o Sul Global, com um foco especial no Brasil.
Os brasileiros são a maior comunidade estrangeiras em Portugal, contribuindo significativamente para a economia, a cultura e a demografia do país. Ao facilitar a imigração brasileira, a direita lusa reconhece essas contribuições e investe em um relacionamento que é mutuamente benéfico.
Hoje os políticos de qualquer quadrante sabem que profissionais como Gislene preenchem lacunas críticas no mercado de trabalho português, impulsionando setores essenciais e contribuindo de maneira vital para o sistema previdenciário.
Reconhecem que a língua de Gislene serve como um elo poderoso entre Portugal e Brasil; e que ao priorizar a imigração de brasileiros, Lisboa reforça laços diplomáticos e comerciais entre os dois países.
Ao optar por manter a imigração de cidadãos da CPLP, a direita portuguesa demonstra um ato de inclusão que valoriza a herança cultural compartilhada e promove a coesão social, decisão que fortalece a identidade lusófona e contribui para uma sociedade mais diversa e inclusiva.
Essa política tem implicações geracionais profundas. Ao acolher imigrantes brasileiros, Portugal não só atende às necessidades imediatas de seu mercado de trabalho, mas também investe em seu futuro. A integração de jovens, sobretudo brasileiros, ajuda a mitigar (talvez a resolver) os desafios do envelhecimento da população e da baixa taxa de natalidade.
A reforma na lei de imigração em Portugal, que restringe o acesso para alguns enquanto facilita para outros, fortalece os laços históricos e culturais entre as nações lusófonas. Reconhece a importância da contribuição do Brasil para a sociedade portuguesa e investe no futuro de Portugal.
A direita portuguesa, ao acolher o Sul Global e, em particular, o Brasil, afirma um compromisso com uma cidadania inclusiva e diversificada, valores que tradicionalmente são reclamados pela esquerda.
Inaugura-se uma nova fase da cidadania da língua.
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