O Conselho Econômico e Social da ONU acolheu nesta quarta-feira um evento organizado por Portugal para celebrar o 50º aniversário da “Revolução dos Cravos”, ocorrida em 25 de abril de 1974. A data é celebrada no país europeu como “Dia da Liberdade”, pois representou o fim de um regime ditatorial que durou mais de quatro décadas.
Participaram da atividade o secretário-geral da ONU, António Guterres, e os representantes permanentes nas Nações Unidas de Portugal, Moçambique, Brasil, Espanha e Timor-Leste.
Experiência pessoal do líder da ONU
Em sua fala, Guterres afirmou que nasceu e cresceu durante a ditadura.
O líder da ONU afirmou que “sabe o que é ser preso e torturado por ter uma opinião diferente da do governo”.
Guterres comentou que na época todas as formas de associação e liberdade de expressão eram proibidas e só opiniões favoráveis ao governo podiam ser publicadas na imprensa.
Para ele, a ditadura portuguesa era opressora e “incapaz de entender o progresso, com uma visão ligada ao fascismo e uma abordagem ruralista em relação à sociedade”.
Nova era
A Missão de Portugal na ONU, responsável pelo evento, enfatizou o fato de a Revolução dos Cravos ter originado uma era marcada pelos “três D’s de abril”: Democracia, Descolonização e Desenvolvimento.
O primeiro aspecto refere-se à introdução de uma nova Constituição em Portugal e ao resgate das liberdades civis. O segundo ao reconhecimento da independência das novas nações africanas e a consciência de que “as lutas dos povos colonizados permitiram libertar Portugal”.
O terceiro aspecto diz respeito ao início de um processo de desenvolvimento regional e integração multilateral que contribuiu para um “desenvolvimento social e econômico estável”.
A programação do evento comemorativo incluiu ainda duas apresentações musicais. A primeira chamada “um apelo à liberdade”, com a execução da música “Grândola, Vila Morena” pela jovem artista portuguesa Júlia Machado.
A canção ficou marcada como um hino da Revolução dos Cravos. A segunda apresentação foi um concerto de Guitarra Portuguesa por Marta Pereira da Costa.