No dia 15 de outubro se “comemorou” mais um Dia dos Professores. A palavra se encontra entre aspas pois, todos os anos, nesta data, é comum vermos e compartilharmos publicações que reconhecem a importância e a dedicação desses profissionais. Entretanto, nos outros 364 dias do ano os profissionais da educação vivem a realidade de uma profissão que se encontra entre as menos valorizadas do Brasil.
Num levantamento da revista Forbes do começo de outubro de 2023, das onze profissões citadas entre as mais desvalorizadas do país, seis são na área de Educação. Sejam professores de pré-escola, Ensino Fundamental, Ensino Médio ou Ensino Superior, encontramos entre essas carreiras as menores médias salariais entre profissionais que possuem a mesma escolaridade que os professores.
Algo que está bastante solidificado no pensamento popular brasileiro é a noção de que, para ser professor ou professora, é necessária uma vocação e que, quem leciona, o faz por puro amor à profissão. Essa pode até ser a realidade dos professores que, pelo menos em algum momento de sua vida profissional, enxergaram uma possibilidade de realmente afetar a vida de seus alunos e, consequentemente, causar um impacto positivo em toda a sociedade.
Porém, essa noção de que os educadores trabalham por amor, abre portas para a ideia de que esses profissionais não precisem ser bem remunerados.
A consequência da má remuneração dos professores é que a carreira acaba se tornando pouco atraente para futuros profissionais. O último Censo da Educação divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) mostra que os cursos de licenciatura são os menos procurados por estudantes universitários.
O baixo índice de valorização do professor, acaba afastando muitos profissionais da área. Fonte: Getty Images
Esse é um problema grave pois, em consequência dos poucos profissionais formados especificamente como professores, ocorre no país uma falta de adequação na formação dos professores que realmente atuam na Educação. Por conta disso, muitos professores da Educação Básica, por mais que tenham a formação técnica na disciplina em que lecionam, não possuem a formação pedagógica adequada.
Para reforçar a gravidade desse cenário, o Índice Global de Status do Professor (elaborado pela Varkey Foundation, do filantropo indiano Sunny Varkey) mostra que entre os 35 países pesquisados, o Brasil possui o pior índice de valorização dos professores. Os três primeiros colocados dessa pesquisa foram China, Malásia e Taiwan.
Com esse índice, feito em 2018, foi possível estabelecer pela primeira vez a relação entre a status social do professor e o desempenho dos alunos em provas como o Pisa, que é o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes. Isso mostra uma relação direta (que já deveria ser evidente) entre a valorização do profissional da educação com a qualidade formação dos estudantes e, consequentemente, melhor formação de melhores futuros profissionais que podem afetar positivamente a sociedade e a economia do país.
Ações necessárias para que ocorra uma melhoria nesse cenário devem partir de toda a sociedade. Por exemplo, com uma fiscalização dos pais antes de matricular os filhos em colégios, elegendo parlamentares comprometidos com a educação, entre outras maneiras que devem ser pensadas de maneira sistemática para que não somente os professores, mas todas as profissões relacionadas à Educação sejam mais valorizadas.