O Ministério das Relações Exteriores de Israel anunciou nesta sexta-feira (10) que os mortos no atentado do grupo terrorista Hamas ao seu território em 7 de outubro totalizam cerca de 1.200, não 1.400, como anunciado inicialmente.
Segundo o órgão, mais variações nos números podem ocorrer à medida que os restos mortais das vítimas forem identificados. Isso porque autoridades de saúde do país têm enfrentado dificuldades para identificar os cidadãos israelenses e estrangeiros mortos nos ataques, e para excluir do número oficial os terroristas.
Parte da confusão, diz a chancelaria, deriva do fato de que alguns membros do Hamas usavam uniformes militares israelenses ou roupas civis durante o atentado, de acordo com a pasta com o objetivo deliberado de impedir que fossem reconhecidos.
Outro motivo é que ainda há restos mortais sem identificação, de modo que a quantidade de óbitos ainda não pôde ser confirmada —um processo que ainda pode levar semanas, de acordo com as autoridades israelenses. O principal instituto forense do país afirma que casos de pessoas queimadas vivas ou que sofreram mutilações demandam testes mais complexos para suas identidades sejam aferidas.
A atualização do balanço de mortes foi feita na quinta-feira (9), embora só tenha sido anunciada no dia seguinte. A nova cifra contabiliza entre os mortos nos ataques do dia 7 de outubro pelo menos 845 civis identificados por autoridades de saúde, além de membros das IDF (Forças de Defesa de Israel, na sigla em inglês).
Ainda na quinta, a estimativa do Exército israelense sobre a quantidade de pessoas sequestradas pelo Hamas em 7 de outubro também foi modificada, indo de 242 para 239.
Desde o início da guerra, o foco do escrutínio internacional foi a contagem palestina de mortos, não tanto a israelense. A suspeita foi inclusive repetida pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que disse em pronunciamento no final do mês passado que não tinha certeza de que os palestinos estavam falando a verdade acerca do número de vítimas em Gaza.
A desconfiança tem origem no fato de que o cálculo de óbitos na faixa vem do Ministério da Saúde local — que, assim como os demais órgãos do território, é controlado pelo Hamas. A organização, considerada um grupo terrorista por parte da comunidade internacional, é também um partido.
Em 2006, ele chegou a ser referendado nas urnas para governar a faixa, mas usou a violência para passar a controlá-la quando a Autoridade Nacional Palestina (ANP) se recusou a reconhecer o resultado do pleito.
Frente às críticas internacionais, notadamente as de Tel Aviv, que descredibiliza as cifras, a pasta da Saúde do território passou a informar em seus últimos relatórios que as estatísticas dos escritórios em Gaza têm sido supervisionadas pelo Ministério da Saúde em Ramallah, na Cisjordânia ocupada —este, ainda governado parcialmente pela ANP, reconhecida internacionalmente.
Antes da guerra Israel-Hamas, porém, o Departamento de Estado dos EUA já tinha recorrido aos números fornecidos pelo Ministério de Saúde em Gaza. Além disso, em conflitos anteriores, a ONU afirmou que as contagens da pasta eram confiáveis, exibindo diferenças de cerca de quatro pontos percentuais para mais ou para menos em média em relação a seus próprios levantamentos.
Nesta sexta-feira, as autoridades gazenses atualizaram o balanço de mortos para 11.078, sendo 4.506 destes crianças e 3.027, mulheres.