Por uma ampla maioria de 187 votos a favor, a Assembleia Geral da ONU aprovou uma resolução pelo fim do embargo econômico norte-americano sobre Cuba.
A resolução deste ano teve dois votos favoráveis a mais do que em 2022, incluindo do Brasil, que se absteve no ano passado. Após a votação, houve aplausos de pé dos diplomatas presentes na sala.
Restrições que afetam alimentação e saúde
Os dois votos contrários foram dos Estados Unidos e de Israel, e a única abstenção, da Ucrânia.
O ministro das relações exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez Parrilla, apresentou nesta terça-feira a resolução A/78/L5, intitulada “Necessidade de acabar com o embargo econômico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos da América contra Cuba”.
Ele disse que “as famílias carecem de bens, existem longas filas, preços excessivamente elevados e o Governo faz grandes esforços para alimentar a sua população”. O ministro afirmou que o bloqueio priva a indústria agrícola de fundos para comprar ração animal, equipamentos industriais e outras necessidades para a produção de alimentos.
Parrilla ressaltou que “Cuba está impedida de comprar de empresas norte-americanas e suas subsidiárias em outros países, equipamentos, tecnologias, dispositivos médicos e produtos farmacêuticos de uso final e, portanto, é forçada a adquiri-los a preços exorbitantes por meio de intermediários ou a substituí-los”. Ele citou ainda depoimentos de famílias cubanas que lutam contra doenças graves.
Mudança de voto do Brasil
A votação do texto foi antecedida e sucedida por pronunciamentos dos Estados-Membros da ONU.
Antes da votação, o embaixador do Brasil na ONU, Sérgio Danese, disse que o país que se absteve de votar a resolução no ano passado, mas que este ano votaria a favor do encerramento do embargo.
O diplomata afirmou que que as únicas sanções legítimas são as do Conselho de Segurança e acrescentou que “a rejeição do embargo econômico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos contra Cuba desde 1962 é praticamente um consenso internacional”.
Danese acrescentou que “intensificar as relações econômicas com Cuba é o caminho correto que devem seguir todos os países interessados em apoiar o desenvolvimento da ilha e melhorar as condições de vida de milhões de cidadãos cubanos”.
Justificativa dos EUA
Falando após a votação, o representante dos Estados Unidos disse que o país apoia a busca do povo cubano por “um futuro com respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais”.
Ele disse que as sanções são “um conjunto de ferramentas” no esforço mais amplo dos EUA para encorajar Cuba a promover a democracia, o respeito pelos direitos humanos e liberdades fundamentais.
“Os EUA opõem-se a esta resolução”, disse ele, encorajando a Assembleia Geral a instar o governo cubano a cumprir as suas obrigações em matéria de direitos humanos “e a ouvir o povo cubano e as suas aspirações para determinar o seu próprio futuro”.
Contexto
Ano após ano, desde 1992, o mais alto órgão deliberativo das Nações Unidas pede aos Estados Unidos que encerre as sanções à Cuba, mas o embargo permanece em vigor.
No ano passado, por exemplo, 185 Estados-Membros votaram a favor, dois contra (Israel, Estados Unidos), e dois se abstiveram (Brasil, Ucrânia). A maioria dos países manifestou preocupação com os efeitos adversos de tais medidas para o povo cubano e para os cidadãos cubanos que vivem em outros países.