Na rodada mais recente do Campeonato Brasileiro, o Bragantino, considerado a quinta força do futebol paulista na competição (entre cinco representantes), derrotou o Palmeiras por 2 a 1 de virada, no interior paulista, e assumiu a segunda posição.
O Braga chegou a 45 pontos, ultrapassando o próprio Palmeiras e o Grêmio (ambos 44) e situando-se bem à frente das demais equipes de SP no Brasileiro: São Paulo (34 pontos), Corinthians (30) e Santos (27).
Com uma sequência de quatro vitórias e um empate, o time de Bragança Paulista tornou-se a maior ameaça ao título do Botafogo, que lidera com 52 pontos porém vem acumulando tropeços, com três derrotas e um empate nas últimas quatro partidas.
O Bragantino é comandado por Pedro Caixinha (Caixinha é sobrenome mesmo), 52, mais um entre os tantos portugueses que apareceram de tempos para cá no futebol nacional.
Sem nomes famosos no elenco –o mais conhecido é o atacante Eduardo Sasha, 31, ex-Internacional, Santos e Atlético-MG–, o time se ampara no conjunto para fazer frente aos adversários.
Um dos pontos fortes do Braga é o controle do jogo, conforme aponta o instituto suíço Cies (Centro Internacional de Estudos do Esporte). É o quarto no ranking dos times com mais posse de bola no Brasileiro, com 56% do tempo efetivo em que a redonda está em jogo.
Tendo a posse, o time corre risco zero de ser ameaçado pelo oponente, e nesse quesito o Bragantino só fica atrás de Fluminense, São Paulo (ambos 60%) e Flamengo (59%).
Porém o que chama mais atenção nos números do time de Caixinha apresentados pelo Cies, que recorreu a informações da empresa de análise de dados Wyscout, é a pontaria.
E pontaria dos dois lados do campo. O Bragantino é o mais preciso ao mirar o gol adversário e o que menos permite ao rival acertar a meta defendida pelos goleiros Cleiton (o titular) e Lucão.
No ataque, são 5,8 finalizações com endereço certo, em média, por partida. Dessas, 1,4 acaba nas redes, ou aproximadamente uma a cada quatro.
Nenhum time no Brasileiro tem pontaria mais precisa. Atrás vêm Fluminense (5,4 conclusões certas por jogo), Fortaleza (5,2) e Palmeiras (5).
Em uma comparação com ligas do mundo, os times brasileiros finalizam pouco no alvo.
Na Alemanha, a média do Bayern é de 9,4, a mesma do Feyenoord na Holanda. Na Inglaterra, os melhores são Brighton (8,2) e Manchester City (7,5), e na Espanha, o Real Madrid (7,7).
Na defesa, o Braga permite a seus rivais 3,1 finalizações certas por partida, quase a metade do número do Coritiba, que está na lanterna do Brasileiro (5,8), e do América-MG (5,7), o penúltimo na tabela.
Dessas 3,1 conclusões, menos de um terço acaba nas redes bragantinas, já que a média de gols sofridos por jogo é de 0,9 –a equipe tem a terceira melhor defesa, atrás das de Botafogo e Atlético-MG.
No exterior, os clubes menos propensos a sofrer gols nas principais ligas são Inter de Milão (somente 1,6 finalização certa dos adversários, em média, por jogo), que lidera o Italiano, Manchester City (1,8), que lidera o Inglês, Napoli (1,8), terceiro colocado no Italiano, e Arsenal (2,2), terceiro colocado no Inglês.
O surpreendente Bragantino, amparado em seus pontos fortes, terá força para manter a arrancada e ultrapassar o hoje cambaleante Botafogo?
O retrospecto recente indica que sim, contudo a tabela do Brasileiro dá a entender que não, pois a sequência de duelos do Braga (próximas cinco partidas) é dificílima: Athletico-PR (fora), Santos (fora), Fluminense (casa), Atlético-MG (casa) e Flamengo (fora).
Caso chegue lá, o Bragantino, fundado em 1928, obterá um título inédito (bateu na trave em 1991, com o vice ante o São Paulo), e o mais relevante com folga, para acrescentar à sua pequena galeria de troféus –o mais destacado deles, o do Campeonato Paulista de 1990.