Uma iniciativa conjunta do Programa Alimentar Mundial, PAM, Governo da Guiné-Bissau e a organização não governamental, Humanity & Inclusion expande acesso das crianças com deficiência ao sistema do ensino público. A ação faz parte do projeto Educação Sem Fronteiras.
O foco do projeto é ajudar a combater o preconceito arraigado e o tratamento desigual de crianças com deficiência no país através da agência da ONU.
Combate a desigualdade
O PMA aponta condições que têm dificultado as perspetivas destas crianças se tornarem adultos saudáveis e bem-sucedidos.
A agência defende que a refeição escolar confere força e melhora a concentração nas aulas. Algumas beneficiárias de Bengala Branca, a primeira escola inclusiva do país que trabalha com o PMA na identificação e integração de crianças com deficiência nas escolas.
As organizações de defesa e promoção de pessoas com deficiência têm denunciado situações em que crianças não vão a escola, nem são levadas ao hospital só porque nasceram com deficiência.
As ocorrências incluem casos de abandono porque os pais acreditam que ter um filho com deficiência é uma maldição ou estaria ligado à bruxaria.
Para o representante na Guiné-Bissau, a constatação no meio rural é que as crianças saem de casa para irem à escola sem comerem, sabendo que vão comer uma refeição quente na escola, lhes permite ser assíduas, reduz as ausências e permiti-lhes aprenderem bem”.
Escola para todas as idades
Um aluno do sexto ano do programa prestes a concluir o curso de pedagogia em francês espera orgulhar os pais que o encaravam como um demônio, colocando-o em isolamento como forma de evitar que os aldeões se zombassem dele.
Estima-se que 16% dos menores guineenses de idades entre cinco e 17 anos vivam com algum tipo de deficiência. O acesso à saúde, educação, assistência social e outros serviços é limitado.
A aposta do PMA é não deixar nenhuma criança fora do sistema educativo e sem uma alimentação saudável, já que para a agência acredita que crianças com deficiência tenham potencial e só precisem de apoio certo.
A Educação Sem Fronteiras, lançada em 2020, intervém nas 852 escolas do programa de alimentação escolar do PMA. A parceria com o governo criou a Direção-Geral da Educação inclusiva que lidera a implementação do programa de escolarização específico para pessoas com deficiência.
Claude Kakule disse que as crianças com deficiência nos meios tradicionais são sempre estigmatizadas pelas crenças tradicionais. Quando os pais tiverem que fazer escolha entre as que devem ir à escola, as crianças com deficiência ficam para traz.
Proteção contra a fome
As ações do PMA visam ainda capacitar grupos da sociedade civil que defendem os princípios fundamentais das crianças com deficiência, incluindo o direito à educação.
As referidas organizações pretendem desenvolver ações de conscientização dos pais no sentido de enviarem as crianças com deficiência para a escola, mediante o slogan “estas crianças têm direito à educação para que possam contribuir para o desenvolvimento do país”.
O auxílio alimentar é essencial para a realização deste objetivo conforme um estudo do PMA que inquiriu jovens e chefes de família. Inclui uma ajuda financeira e rações para levar para casa, proporcionando uma proteção contra a fome.
Jovens estudantes de uma escola que oferece educação direcionada à alunos com deficiência auditiva em Bissau foram orientados a criarem uma horta escolar. A iniciativa melhora a diversidade nutricional às refeições escolares através das colheitas de frutas e vegetais.