Agentes da Polícia Federal encontraram US$ 171,8 mil em espécie — o equivalente a cerca de R$ 868 mil — na casa de um dos alvos da operação nesta sexta-feira (20) que investiga o uso irregular de um sistema de geolocalização da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Segundo os policiais, o investigado também foi afastado de sua função pública dentro do órgão. O nome e cargo dele não foram divulgados. Na mesma operação, foram presos Rodrigo Colli e Eduardo Arthur Yzycky, servidores da Abin.
O dinheiro foi confiscado em Brasília durante o cumprimento de um dos 25 mandados de busca e apreensão autorizados pela PF. Veja a relação completa dos mandados cumpridos no âmbito da operação:
Busca e apreensão
• 17 mandados no Distrito Federal
• 1 mandado em Alexânia (GO)
• 1 mandado em São Paulo (capital) e 1 em São José dos Campos (SP)
• 1 mandado em Curitiba (PR) e 1 em Maringá (PR)
• 1 mandado em Florianópolis (SC), 1 em São José (SC) e 1 em Palhoça (SC)
Total: 25 mandados
Prisão preventiva
• 2 mandados no Distrito Federal
Afastamento
• 5 mandados no Distrito Federal
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O programa FirstMile foi comprado por R$ 5,7 milhões da empresa israelense Cognyte, com dispensa de licitação, no fim do governo Temer, em 2018. A ferramenta permitia o monitoramento de até 10 mil celulares a cada 12 meses, bastando digitar o número da pessoa. Além disso, a aplicação criava históricos de deslocamento e alertas em tempo real da movimentação dos aparelhos cadastrados.
Em março deste ano, a Abin afirmou que a tecnologia não está mais em uso desde 8 de maio de 2021. “Atualmente, a Agência está em processo de aperfeiçoamento e revisão de seus normativos internos, em consonância com o interesse público e o compromisso com o Estado democrático de Direito”, informou a Abin, em nota da época.
Os citados
Por meio de comunicado, a Abin afirmou que uma sindicância foi instaurada em março de 2023 e, desde então, a agência colabora com os órgãos competentes, como a PF e o Supremo Tribunal Federal.
Veja a nota na íntegra
“A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) informa que, em 23 de fevereiro de 2023, a Corregedoria-Geral da Abin concluiu Correição Extraordinária para verificar a regularidade do uso de sistema de geolocalização adquirido pelo órgão em dezembro de 2018.
A partir das conclusões dessa correição, foi instaurada sindicância investigativa em 21 de março de 2023. Desde então, as informações apuradas nessa sindicância interna vêm sendo repassadas pela Abin para os órgãos competentes, como Polícia Federal e Supremo Tribunal Federal.
Todas as requisições da Polícia Federal e do Supremo Tribunal Federal foram integralmente atendidas pela Abin. A agência colaborou com as autoridades competentes desde o início das apurações.
A Abin vem cumprindo as decisões judiciais, incluindo as expedidas na manhã desta sexta-feira (20). Foram afastados cauterlamente os servidores investigados.
A agência reitera que a ferramenta deixou de ser utilizada em maio de 2021. A atual gestão e os servidores da Abin reafirmam o compromisso com a legalidade e o Estado democrático de Direito.”