Confrontos atribuídos à direita abalaram Dublin na noite desta quinta-feira (23), depois de cinco pessoas, entre elas três crianças, terem ficado feridas em um ataque. Segundo a polícia, o atentado não teve motivação “terrorista”.
Os incidentes resultaram de uma manifestação em que centenas de participantes carregavam faixas com os dizeres “Irish Lives Matter” (“Vidas irlandesas importam”) e bandeiras nacionais. O acontecimento ocorreu num bairro onde vive uma grande população imigrante, observou um jornalista da AFP.
Um carro da polícia foi incendiado e as forças de segurança foram alvo de projéteis vindos da multidão, que era hostil à “grande mídia”.
“Não toleraremos que um pequeno número de pessoas utilize acontecimentos atrozes para semear a divisão”, disse a ministra da Justiça, Helen McEntee, num comunicado, apelando à “calma”.
Os ataques contra a polícia devem ser “condenados” e serão tratados “severamente”, acrescentou.
‘Rumores’ e ‘insinuações’
O delegado Drew Harris mencionou uma “facção de ‘ultras’ loucos, movidos por uma ideologia da direita radical”. “Os fatos ainda não estão claros” ressaltou, lamentando os “rumores” e “insinuações” que se propagaram “de forma mal intencionada”.
“Irlandeses foram atacados por essa escória”, disse um indivíduo envolvido na confusão. Em meio à multidão, alguns mencionaram o homicídio de uma jovem professora, cometido por um eslovaco, que foi condenado recentemente à prisão perpétua.
Saques foram relatados em uma rua comercial da cidade, depois que um grupo de jovens aproveitou a ausência da polícia no local.
Segundo os primeiros elementos da investigação, um homem agrediu várias pessoas no começo da tarde, informou, durante coletiva de imprensa, Liam Geraghty, chefe da polícia local.
O primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, anunciou que um suspeito foi detido.
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Segundo a polícia, trata-se de um homem de 50 anos, que foi hospitalizado.
A polícia não procura “ninguém mais”, disse Geraghty, destacando que os investigadores descartam qualquer motivação “terrorista” com base nos primeiros elementos da investigação.
“Parece ser um ataque isolado, cujas razões temos que elucidar”, afirmou, referindo-se ao uso de uma faca. “No entanto, não podemos dar mais informações sobre a natureza das lesões”, acrescentou.
Os fatos ocorreram perto de uma escola, segundo a imprensa irlandesa.
As cinco vítimas foram levadas para vários hospitais na região da capital irlandesa, segundo a polícia.
Desânimo
“Estamos todos chocados com os acontecimentos ocorridos em Parnell Square”, disse o primeiro-ministro irlandês num comunicado, no qual expressou “pensamentos e orações” às vítimas e às suas famílias.
“Os fatos deste caso estão a ser esclarecidos. Os serviços de emergência reagiram muito rapidamente e chegaram em poucos minutos”, continuou Varadkar.
As vítimas são um homem, uma mulher e três crianças pequenas.
Segundo a polícia, uma menina de cinco anos e a mulher, de 30 anos, estão “gravemente” feridas. Um menino de cinco anos conseguiu deixar o hospital.
Um cordão de segurança foi estabelecido em torno do local, no centro da capital.
“Sem pensar, atravessei a rua para ajudar”, explicou Siobhan Kearney, testemunha da cena, ao meio de comunicação irlandês RTE.
Segundo sua história, o agressor foi desarmado graças à ajuda de um jovem.
“Outro homem pegou a faca e a guardou” para que pudesse ser entregue à polícia, disse ele.
Duas crianças e a mulher foram levadas para a escola de onde estavam saindo, disse ele, descrevendo uma cena de confusão.
Segundo ela, o agressor estava no chão, segurado por diversas pessoas.
Mary Lou McDonald, chefe do Sinn Fein, a terceira força política no Parlamento irlandês, afirmou estar “horrorizada” com os acontecimentos, e indicou que se encontrou com o chefe do establishment, chamado Gaelscoil Choláiste Mhuire, a quem ela comunicou o seu apoio à comunidade educativa.
Expressou também a sua “solidariedade” às famílias das vítimas e elogiou a rápida resposta da polícia.