Neste domingo, a travessia de Rafah, entre Gaza e o Egito, foi aberta pelo segundo dia consecutivo, permitindo a entrada de 14 caminhões adicionais transportando alimentos, água e suprimentos médicos.
Segundo o Escritório da ONU de Assuntos Humanitários, Ocha, isso equivale a cerca de 3% do volume médio diário de mercadorias que entravam em Gaza antes do conflito.
“Sem combustível, não haverá assistência humanitária”
O subsecretário-geral para Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, disse que este novo carregamento era “mais um pequeno vislumbre de esperança para os milhões de pessoas que precisam urgentemente de ajuda humanitária”. Mas enfatizou que o povo de Gaza precisa de “muito mais”.
A ONU ressaltou que, para responder às crescentes necessidades, são necessários pelo menos 100 caminhões de ajuda por dia.
As entregas de ajuda que entraram no enclave sitiado não incluem combustível. A Agência da ONU para Refugiados Palestinos, Unrwa, de longe o maior provedor humanitário em Gaza, disse que esgotará suas reservas nos próximos três dias.
Neste domingo, o comissário-geral da agência, Philippe Lazzarini, pediu que se permita imediatamente o fornecimento de combustível.
Ele afirmou que sem o recurso “não haverá água, nem hospitais e padarias funcionando. Sem combustível, a ajuda não chegará a muitos civis necessitados. Sem combustível, não haverá assistência humanitária”, reforçou Lazzarini.
Menos de três litros de água por dia
O representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, no Egito, Jeremy Hopkins, disse que a contribuição da agência para o primeiro comboio, composta por dois caminhões com 40 mil litros de água engarrafada, foi apenas “uma gota no oceano”, dadas as imensas necessidades em Gaza.
De acordo com os padrões internacionais, cada pessoa deveria ter 15 litros de água para viver com saúde e dignidade. Isso inclui água para beber, realizar higiene pessoal, cozinhar, dentre outras coisas. Segundo Hopkins, neste momento, as pessoas em Gaza têm acesso pouco menos de três litros de água por dia.
Segundo agências de notícias que citam o Ministério da Saúde de Gaza, o número de pessoas mortas no local desde 7 de outubro aumentou para 5.087, com cerca de 62% delas sendo crianças e mulheres.
De acordo com o Ocha, mais de 1 mil palestinos foram dados como desaparecidos e presume-se que estejam presos ou mortos sob os escombros.
Número alarmante de vítimas de ambos os lados
De acordo com fontes oficiais israelenses citadas pelo Ocha, cerca de 1,4 mil pessoas foram mortas em Israel, a maioria nos ataques do Hamas em 7 de outubro, que desencadearam o conflito.
A agência disse que o número de vítimas fatais relatado é “mais de três vezes o número cumulativo de israelenses mortos” desde que começou a registrar vítimas em 2005.
As autoridades de Israel afirmam que pelo menos 212 cidadãos israelenses e estrangeiros estão mantidos em cativeiro em Gaza. Dois reféns foram libertados na última sexta-feira.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, apelou repetidamente ao Hamas para que libertasse os reféns de forma imediata e incondicional.
O Ocha informou também que desde a tarde de 21 de outubro, as forças israelenses mataram sete palestinos na Cisjordânia, incluindo dois mortos em um ataque aéreo em Jenin.