Duas semanas após cancelar sua ida a Dubai para participar da conferência do clima da ONU devido a uma gripe e uma inflamação no pulmão, o papa Francisco, que no próximo dia 17 completa 87 anos de idade, diz estar se recuperando bem.
Devemos nos preocupar com sua saúde?, pergunta uma repórter do mexicano NMás ao entrevistá-lo no Vaticano nesta terça-feira (12). “Um pouquinho, sim”, responde o pontífice, rindo.
“A velhice não se maquia. Há que saber aceitar. Agora, todas as minhas viagens a lugares mais distantes serão repensadas. Às vezes dizem que sou imprudente, porque tenho vontade de fazer muitas coisas.”
Francisco falava por ocasião do dia da padroeira Nossa Senhora de Guadalupe, celebrado em 12 de dezembro, e também comentou que, junto a sua equipe, tem buscado simplificar a cerimônia do funeral do papa. Também anunciou uma quebra na tradição.
O argentino não quer ser enterrado na Basílica de São Pedro, no Vaticano, como de praxe, mas na Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma, onde tradicionalmente vai rezar antes e depois de cada uma de suas viagens ao exterior. “É a minha devoção já há muito tempo.”
O papa também disse que a única viagem confirmada em sua agenda para 2024 é uma para a Bélgica. Mas que outras duas estão em vias de concretizarem-se: uma para alguma nação da Polinésia, que ele não especificou, e outra para a Argentina, sua terra natal que não visitou de forma oficial desde que assumiu a liderança da igreja em 2013.
Em relação a isso, ele foi questionado sobre a relação com o novo presidente argentino, o ultraliberal Javier Milei, que durante a campanha criticou Francisco mais de uma vez, até que, temendo o revés do público, moderou seu discurso.
“Nas campanhas, são ditas coisas ‘como piada’, coisas para chamar a atenção”, afirmou o papa. “Há que distinguir entre o que um político diz na campanha e o que ele faz depois, ao tomar suas decisões.”
Após ser eleito, Milei conversou com o papa e o convidou formalmente para ir à Argentina. Em seu país, a figura de Jorge Bergoglio, nome de nascimento do pontífice, divide opiniões. Alguns discordam se sua postura na condução da igreja, e outros o criticam por decisões tomadas na época da ditadura militar argentina.
Ainda na entrevista á TV mexicana, o papa Francisco voltou a pedir paz na Guerra da Ucrânia e na guerra entre Israel e Hamas em Gaza.