O papa Francisco presidiu, neste domingo (28), uma missa para 10 mil fiéis em Veneza, em sua primeira viagem em sete meses. Aos 87 anos, o líder da Igreja Católica cumpriu uma agenda carregada após sofrer um episódio de fadiga que gerou preocupação durante a Semana Santa.
Depois de visitar uma prisão feminina, o jesuíta argentino chegou à Praça de São Marcos a bordo de uma embarcação que navegou pelo Grande Canal escoltada por uma multidão de gondoleiros.
No ponto turístico da cidade italiana, Francisco alertou sobre o impacto do turismo para o meio ambiente. Ele mencionou a “encantadora beleza” de Veneza e enumerou “os numerosos problemas que a ameaçam”, entre eles as mudanças climáticas e o turismo em massa.
“Veneza está unida às águas sobre as quais se assenta e, sem o cuidado e a proteção deste ambiente natural, poderia até deixar de existir”, afirmou em sua homilia. Na última quinta-feira (25), entrou em vigor a cobrança de uma taxa de entrada de 5 euros (cerca de R$ 27,30) para quem visitar Veneza por um dia. O objetivo é proteger esse destino turístico que é patrimônio da Unesco.
Antes da missa, o papa pousou, em um helicóptero, no pátio de uma prisão para mulheres localizada na ilha de Giudecca. A penitenciária abriga uma exposição promovida pelo Vaticano no contexto da 60ª Bienal de Arte Contemporânea de Veneza.
Nesse antigo convento para mulheres convertido em uma prisão para detentas com longas penas, o papa afirmou que “problemas como superlotação, falta de instalações e recursos e incidentes violentos geram muito sofrimento” para quem está privado de liberdade. Ele afirmou, no entanto, que a prisão pode ser um “lugar de renascimento”.
Francisco cumprimentou, uma por uma, as cerca de 80 detentas e os funcionários e voluntários. “Coragem, e avante! Não desistam”, disse o pontífice após receber presentes feitos pelas presas. Ele também conversou com os artistas que participaram da exposição, reunidos na prisão, e destacou o papel da arte na luta contra “o racismo, a xenofobia, a desigualdade e o desequilíbrio ecológico”.
Também antes da missa, Francisco discursou para um grupo de 1.500 jovens diante da emblemática basílica de Santa Maria della Salute, cuja majestosa cúpula domina a entrada do Grande Canal. “Deixem de lado seus telefones celulares e vão ao encontro das pessoas”, pediu.
Após um momento de recolhimento na basílica de São Marcos, o pontífice retornou ao Vaticano. O argentino planeja realizar mais duas visitas ao norte da Itália —Verona, em maio, e Trieste, em julho.
Francisco não viajava desde sua visita a Marselha, no sul da França, em setembro de 2023. Em novembro, ele desistiu de uma viagem para a COP28, em Dubai, por causa de uma inflamação pulmonar. Meses depois, na Sexta-feira Santa, em 29 de março, o pontífice teve de cancelar na última hora sua participação na Via Crúcis. Dias antes, no Domingo de Ramos, ele também não teve condições de pronunciar a homilia prevista.
Sua saúde, que é alvo de preocupação nos últimos anos, não impediu o Vaticano de anunciar, no início de abril, uma viagem a Indonésia, Papua-Nova Guiné, Timor Leste e Singapura em setembro. Se nenhuma outra visita do mesmo porte for agendada até lá, será a viagem mais longa desde sua eleição como pontífice, em 2013. Desde então, Francisco fez 44 viagens ao exterior.