O pai de um dos quatro reféns libertados pelo Exército de Israel no sábado (8) morreu horas antes do resgate do filho Almog Meir Jan, 21 anos, sequestrado pelo grupo terrorista Hamas no 7 de Outubro.
De acordo com o jornal Times of Israel, a tia de Almog, Dina Jan, disse que quando soube da boa notícia, correu para a casa do irmão Yossi Jan, 57, para lhe contar e, ao chegar, o encontrou morto. “Ele morreu de tristeza”, disse.
Dina contou à emissora pública Kan, no domingo, que recebeu a ligação de um oficial do Exército para informar que o sobrinho havia sido resgatado, mas que não estavam conseguindo falar com o pai de Almog. Ela diz que ficou tão feliz que correu para a casa do irmão para lhe contar a boa notícia.
“Dirigi como uma louca, bati na porta, ‘Yossi, Yossi, Yossi’, e nada. Não obtive resposta. A porta de sua casa estava aberta e eu o vi dormindo na sala. Gritei ‘Yossi’, mas ele não me respondeu. Vi a cor de sua pele, o toquei, mas ele estava morto”, disse ela. “Ele morreu de tristeza.”
Yossi Jan, segundo Dina, ficou isolado e perdeu 20 quilos desde o sequestro do filho. “Meu irmão não conseguiu ver seu filho de novo. Na noite anterior ao retorno de Almog, o coração do meu irmão parou”, disse a tia de Almog à Kan.
Dina Jan segue dizendo que a família está muito feliz com o retorno de Almog, mas que está despedaçada com a morte de Yossi Jan, que vivia sozinho em Kfar Saba. Diz que ele ficou grudado na televisão durante os oito meses inteiros para se agarrar a qualquer informação.
“Ele amava tanto Almog, cuidava tanto dele, queria saber o que estava acontecendo com ele e o que ele estava passando. Ele não suportava, cada [possível acordo de refém] que explodia em seu rosto quebrava seu coração”, disse ela.
Meir Jan, Noa Argamani, 26, Andrey Kozlov, 27, e Shlomi Ziv, 40, foram resgatados no sábado em operação diurna no campo de Nuseirat, em Gaza.
O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, se reuniu com reféns resgatados e suas famílias no Hospital Sheba em Ramat Gan, uma cidade perto de Tel Aviv, no sábado (8).
Netanyahu disse no sábado que Israel não cede ao terrorismo e que está operando “de forma criativa e corajosa” para trazer para casa os reféns detidos pelo Hamas em Gaza. “Estamos comprometidos em fazer isso também no futuro. Não desistiremos até completarmos a missão e devolvermos para casa todos os reféns —tanto os vivos como os mortos”, disse Netanyahu.
Apesar da reiterada promessa, o premiê continua sendo alvo de imensos protestos em Israel devido ao que os manifestantes chamam de má condução do país durante o conflito. Milhares de pessoas foram às ruas neste sábado em atos contra o governo. Em Tel Aviv, houve confrontos com a polícia e pelo menos 33 pessoas foram detidas.
Nos Estados Unidos, milhares de manifestantes pró-palestinos se reuniram no sábado perto da Casa Branca, em Washington, para protestar contra as políticas do presidente Joe Biden, que descrevem como demasiado conciliatórias com Israel na sua guerra contra o grupo islâmico Hamas em Gaza.
Segundo a AFP, eles gritavam “De Washington à Palestina, somos a linha vermelha”, os manifestantes seguravam uma longa faixa com os nomes dos palestinos mortos pelo exército israelense após oito meses de conflito.
O presidente americano está sob duras críticas internas por parte de pessoas que acreditam que ele não está a fazer o suficiente para influenciar a forma como o governo israelita conduz a sua campanha em Gaza.
Biden ofereceu apoio incondicional a Israel desde o início da guerra em Gaza, mas estimou em março que uma grande ofensiva em Rafah seria “uma linha vermelha” que não deveria ser ultrapassada.
O número de mortos com a operação de resgate israelense no campo de refugiados de Nuseirat, no centro de Gaza, que levou à libertação de quatro reféns, subiu para 274 no domingo. Os dados não podem ser averiguados de forma independente.
As Forças Armadas de Tel Aviv disseram ter conhecimento de “menos de cem” óbitos e culparam o Hamas por lutar em uma área cheia de civis.
Os corpos de 109 palestinos, incluindo 23 crianças e 11 mulheres, foram levados para o hospital dos Mártires de al-A qsa, que também tratou mais de cem feridos, disse um porta-voz, Khalil Degran, à AP.
Ele também disse que mais de cem pessoas mortas em ataques israelenses foram levadas para o hospital al-Awda, com as demais vítimas sem vida. Esse número foi fornecido pelo gabinete de comunicação social do Hamas, mas também não pôde ser verificado.
O total de mortos em Gaza chega a 37.084 desde o início da guerra, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas. Já são 84.494 feridos no período.