Em nota publicada nesta sexta-feira, em Genebra, o Escritório de Direitos Humanos informou que pelo menos 66 homens foram executados sumariamente na onda de violência que deixou milhares de deslocados desde 4 de novembro.
Pedido de fechamento da missão política da ONU
Num informe dado ao Conselho de Segurança na quinta-feira, foi revelado que o Sudão pediu à ONU que “encerre imediatamente” a missão política no país, Unitams.
Uma carta dirigida ao secretário-geral e apresentada no órgão ressalta que as autoridades do país continuarão empenhadas num envolvimento construtivo com a organização.
Num informe ao Conselho, a secretária-geral assistente para África, Martha Pobee, revelou que desde finais de outubro as Forças de Apoio Rápido, RSF, ocupam áreas onde estão instaladas várias bases das Forças Armadas Sudanesas, SAF.
A representante destacou que as forças paramilitares estariam preparando um avanço para a área de e El Fasher, no norte de Darfur. A cidade importante é tida como o último reduto do Exército na região sudanesa.
Novos ataques
Com um eventual ataque das RSF a El Fasher, ou às áreas próximas, o número de vítimas civis poderia disparar devido ao grande número de deslocados internos vivendo na região, destacou a representante.
As Nações Unidas confirmaram que alguns grupos armados da região, que até agora tinham sido neutros no conflito, aliaram-se às Forças Armadas Sudanesas.
Pobee destacou que continuam a acontecer confrontos em cidades como Cartum, Omdurman e Bahri, principalmente em torno dos redutos das SAF.
Os ataques estão se espalhando para novas áreas, incluindo os estados de Gezira, Nilo Branco e Kordofan Ocidental, acrescentou Pobee.
Ataques a trabalhadores humanitários e obstáculos burocráticos
Com a crise iniciada em abril, piorou a situação humanitária já precária e as violações dos direitos humanos no Sudão. Mais de 6 mil pessoas morreram, incluindo mulheres e crianças.
Mais de 7,1 milhões de vítimas foram obrigadas a fugir das suas casas, incluindo centenas de milhares para países vizinhos.
A comunidade humanitária no terreno aponta dificuldades como falta de acesso, ataques a trabalhadores do setor e obstáculos burocráticos. A ONU atua com parceiros na entrega de auxílio a 4,1 milhões de pessoas, ou 22% do total planeado para 2023.
A secretária-geral assistente disse que os civis continuam sofrendo graves violações dos direitos humanos, incluindo violência sexual e de gênero. Testemunhos recolhidos pela missão política das Nações Unidas assinalaram a alegada atuação de suspeitos integrantes do RSF nesses atos.
O secretário-geral da ONU nomeou o negociador Ian Martin para considerar um processo de ajustes no mandato da Unitams às condições de um momento de conflito.
Ele lidou com situações de crise em países como Líbia, Nepal, Timor-Leste, Etiópia e Eritreia.