Centenas de pessoas com deficiência, ONGs e representantes da sociedade civil, juntamente com embaixadores de todo o mundo, se reúnem na sede da ONU em Nova Iorque a partir desta terça-feira para discutir desafios e oportunidades sobre trabalho e tecnologia, bem como crises humanitárias, conflitos e desastres climáticos.
Com o objetivo de assegurar que os países garantam igualdade para todos, esta é a maior reunião global focada nos direitos das pessoas com deficiência, conhecida como a 17ª Conferência dos Estados Partes da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, ou COSP17, que acontece de 11 a 13 de junho.
Agenda do evento
Os Estados-membros da ONU e as ONGs podem apresentar relatórios sobre desafios e histórias de sucesso e oferecer novas maneiras de remover as barreiras remanescentes para que as pessoas com deficiência possam desfrutar plenamente de todos os direitos.
Desde a adoção da Convenção em 2008, o grupo tem se reunido anualmente para monitorar a implementação do tratado histórico assinado por 191 nações.
A agenda deste ano inclui três discussões em mesas-redondas sobre questões atuais que serão levadas à Cúpula do Futuro em setembro: cooperação internacional em emergências humanitárias, empregos decentes e meios de subsistência sustentáveis e inovações tecnológicas para um futuro inclusivo.
Transformação digital
As ferramentas baseadas em inteligência artificial podem examinar sites, aplicativos móveis e outros conteúdos digitais para identificar problemas de acessibilidade e oferecer recomendações de correção, ajudando os desenvolvedores e criadores de conteúdo a garantir que seus produtos sejam acessíveis a pessoas com deficiência desde a fase de design até as atualizações tecnológicas.
A relatora especial sobre os direitos das pessoas com deficiência, Heba Hagrass, afirma que o potencial da transformação digital para pessoas com deficiência é bem conhecido e difundido.
Ela explica que esse potencial de inovação inclui a disponibilidade de dispositivos de assistência, educação inclusiva e acesso a emprego, assistência médica, sistemas de suporte personalizados e ferramentas de informação e comunicação.
Para Heba Hagrass, a transformação digital pode ser aproveitada para ajudar a concretizar a mudança de paradigma trazida pela Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, restaurando a voz, o controle e a escolha das pessoas com deficiência como membros ativos de suas comunidades.
O evento deste ano se concentra nos esforços para promover inovações e transferência de tecnologia para a inclusão social e o empoderamento de pessoas com deficiência, desde as salas de aula até o local de trabalho.
Criando mercados de trabalho inclusivos
Cerca de 80% das pessoas com deficiência no mundo vivem em países em desenvolvimento. A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável reconhecem os direitos ao trabalho decente e a meios de subsistência sustentáveis.
O boletim global sobre empregos mostra progresso misto. Novas leis e redes nacionais de empresas e pessoas com deficiência surgiram em países como Argentina, Quênia, Nigéria, Uganda e Uruguai, mas ainda há muito a ser feito.
A COSP17 apresentará soluções comprovadas para aumentar a participação das pessoas com deficiência na sociedade e no desenvolvimento global.
Emergências humanitárias
Em situações de risco e emergências humanitárias, como conflitos armados, desastres naturais e causados pelo clima e emergências de saúde, as pessoas com deficiência são frequentemente deixadas à margem do planejamento dos esforços de preparação, resposta e recuperação.
Mais de uma dúzia de especialistas nomeados pelo Conselho de Direitos Humanos alertaram, em uma declaração conjunta sobre a atual crise em Gaza, que “as pessoas com deficiência correm maior risco de contrair doenças transmissíveis, desnutrição e morte, o que se torna cada vez mais provável à medida que a infraestrutura civil de Gaza entra em colapso”.
O evento também deve debater soluções inovadoras que estão funcionando e em desafios e soluções, desde desastres relacionados ao clima até conflitos, que podem impulsionar a Cúpula do Futuro em direção a sociedades mais inclusivas.