A segunda rodada da campanha de vacinação contra a poliomielite começou nesta segunda-feira na zona central de Gaza, apesar da violência contínua.
Quase 93 mil crianças menores de 10 anos receberam esta vacina crucial. Além disso, mais de 76,3 mil menores também receberam vitamina A.
Respeito às pausas humanitárias
O comissário geral da Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa, disse que não há condições de vacinar as crianças “sob um céu cheio de bombas”.
Philippe Lazzarini pediu que todas as partes do conflito respeitem as pausas humanitárias acordadas para permitir a implementação da campanha em toda a Faixa de Gaza. Segundo ele, esta é a única forma de proteger os menores contra este “vírus cruel que facilmente atravessa fronteiras e linhas de combate”.
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, OMS, disse que a campanha no centro de Gaza continuará até 17 de outubro. Tedros Ghebreyesus reforçou o pedido de respeito às pausas humanitárias e disse que as crianças de Gaza precisam, acima de tudo, de paz.
Campanha em três fases
Em entrevista para a ONU News, o coordenador sênior de Emergência do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, para Gaza, explicou que normalmente, em uma campanha contra a poliomielite, o ideal seria vacinar em todos os lugares ao mesmo tempo, mas isso “não é possível no atual cenário de conflito”.
Hamish Young esclareceu que as Forças de Defesa de Israel, IDF, autorizaram três fases. Uma no meio de Gaza, uma no sul, e por último, de 22 a 23 de outubro, uma no norte, que será “a mais desafiadora”.
No momento, o norte é palco de diversos conforntos e o campo de refugiados de Jabalia está sob ordens de evacuação. O especialista disse esperar ter o mesmo nível de acesso na área que foi garantido durante a primeira rodada.
Ele reforçou o apelo ao Governo de Israel e às IDF para que cumpram os compromissos que já assumiram, para dar acesso à campanha contra a poliomielite a todas as crianças que estão lá.
Importância da vitamina A
Young assegurou que a ONU e seus parceiros têm todos os suprimentos que necessários, incluindo a infraestrutura logística, a rede de frio, as geladeiras, os caminhões frigoríficos, as caixas frigoríficas, marcadores de dedo, meios de comunicação e recursos humanos.
Segundo ele, não há restrições que impeçam de chegar a todas as crianças necessitadas. “A única coisa que pode nos parar é a falta de acesso”, adiconou ele.
O especialista visitou seis postos de vacinação nesta segunda-feira e afirmou que até o momento a campanha está correndo bem e que as famílias permenecem mobilizadas em levar seus filhos.
Young explicou que muitas crianças estão recebendo também a vitamina A porque ela aumenta a imunidade, protegendo contra uma série de doenças e ajuda a absorção e a aceitação da vacina contra a poliomielite.
Segundo ele, isso é importante quando se trata de uma população de crianças que sofrem de problemas nutricionais, gastroenterite e agravos intestinais, pois essas são condições que reduzem a eficácia da vacina.