Nesta quinta-feira o Conselho de Segurança debateu a situação no Líbano em reunião solicitada pela França.
Abrindo a sessão, a subsecretária-geral para Assuntos Políticos disse que as trocas de tiros entre o Hezbollah e as Forças de Defesa de Israel está se intensificando “dramaticamente”.
O tempo está se esgotando rapidamente
Rosemary DiCarlo afirmou que a “incapacidade coletiva de acabar com a violência e conter a derramamento de sangue é condenável”.
Ela disse que é preciso “dar uma oportunidade à diplomacia agora”, ressaltando que ainda há tempo, mas que ele está se esgotando rapidamente.
A subsecretária-geral destacou que os ataques israelenses em todo o Líbano atingiram centenas de alvos do Hezbollah, muitos em áreas densamente povoadas, “causando destruição generalizada, deslocamento e sofrimento”. Mais de 300 pessoas foram mortas no Líbano apenas na semana passada.
DiCarlo disse que um quarto do território libanês foi colocado sob as chamadas ordens de evacuação emitidas pelas Forças de Defesa de Israel, IDF.
Apenas duas horas para evacuar as casas
Essas ordens afetaram mais de 100 aldeias e bairros, com a IDF avisando as pessoas com apenas duas horas de antecedência para desocuparem suas casas, muitas vezes no meio da noite.
No norte de Israel, a população civil também sofre repetidos ataques do Hezbollah e de outros grupos armados não estatais. Mais de 50 pessoas foram mortas e outras 60 mil deslocadas em território israelense e nas Colinas de Golã desde outubro passado.
A chefe de Assuntos Políticos apelou para que o Hezbollah e outros grupos armados parem de disparar foguetes e mísseis contra alvos israelenses e para que Israel pare o bombardeio do Líbano e retire suas forças terrestres.
Ela disse que todos os esforços precisam estar concentrados em inverter este ciclo de violência e tirar o Líbano, Israel e a região da beira da catástrofe.
Violação da resolução 1701
O subsecretário-geral para as Operações de Paz disse aos membros do Conselho de Segurança que devido aos bombardeios e operações terrestres israelenses, grande parte do sul do Líbano está “desabitada e cada vez mais inabitável”.
A região é a área de operações da Força Interina das Nações Unidas no Líbano, Unifil.
Jean-Pierre Lacroix declarou também que o Hezbollah continua disparando através da Linha Azul e está agora ameaçando grandes centros populacionais em Israel, incluindo Haifa e Tiberíades, com armas de calibre cada vez mais elevado.
Segundo o chefe das Operações de Paz, esta é uma clara demonstração da presença de pessoal armado não autorizado, bens e armas ao sul do rio Litani, em grave violação da resolução 1701.
Quantidade de disparos
Desde 23 de setembro, com o lançamento da ofensiva israelense, a Unifil detectou 5.451 disparos de sul a norte da Linha Azul e 610 ataques aéreos das Forças de Defesa de Israel. No mesmo período, a missão detectou 1.385 disparos de norte a sul.
Cada disparo pode representar vários projéteis e a Unifil não pode detectar alguns, como os disparados por lançadores antitanques portáteis ou armas leves.
Lacroix explicou que desde 1 de outubro tem havido violentos confrontos em campo, com pelo menos 12 soldados israelenses e dezenas de combatentes do Hezbollah supostamente mortos.
A Unifil observou incursões israelenses com infantaria, Tanques Merkava e veículos de engenharia em Marun al-R’as, Labuneh e Yarun no Setor Oeste, e perto de Kfar Kila, Meiss Ej Jebel e Udaysah no setor leste.
Sério risco para missão da ONU
O subsecretário-geral afirmou que a situação tem colocado as forças de manutenção da paz em “sério risco”. Nesta quinta-feira, dois soldados da ONU ficaram feridos quando um Posto de observação na sede da Unifil em Naqoura foi atingido por disparos de tanque.
Perto dali, soldados das IDF dispararam contra uma posição da ONU a partir de uma abertura na cerca feita pelas forças israelenses no dia anterior. Diversos veículos e um sistema de comunicações foram danificados e os espisódios levados à atenção das autoridades de Israel.
Lacroix agradeceu aos Estados-membros que contribuem com tropas para a Unifil e disse que o apoio contínuo e unificado do Conselho de Segurança “é mais importante do que nunca”.