Militares de Bangladesh tomaram o poder e anunciaram que novas autoridades de transição seriam conhecidas em breve. O país viveu semanas de protestos que levaram à renúncia da primeira-ministra, Sheikh Hasina, e à dissolução do Parlamento.
Nesta terça-feira, a ONU News conversou com a coordenadora residente das Nações Unidas em Bangladesh. Gwyn Lewis falou da possível contribuição da organização rumo a uma sociedade mais inclusiva, após semanas que descreve como “dramáticas e tumultuosas”.
Trajetória de desenvolvimento positivo
Segundo ela, com um governo de transição moldado e com vozes de jovens do país ouvidas poderá realmente haver mudança e continuação da trajetória de desenvolvimento positivo. Mas destacou que ao melhorar essa trajetória deve ser assegurado um processo mais inclusivo para garantir que não haja comunidades deixadas para trás.
Gwyn Lewis considera que nessa etapa o desempenho das Nações Unidas seria essencial em questões como justiça constitucional, apoio à reforma institucional e do setor de segurança.
A representante disse haver muitas áreas técnicas por apoiar com ênfase na de desenvolvimento, mas pode ser dado auxílio na continuação da estabilização e atuação com o povo em favor de “um futuro mais brilhante para todos”.
Agravamento das manifestações e demandas estudantis
Lewis disse que acima de 300 jovens e civis teriam perdido a vida nas últimas semanas durante os protestos. Com o agravamento das manifestações e as demandas estudantis, a primeira-ministra renunciou e o exército assumiu o poder.
Na sequência desses atos, o chefe de direitos humanos da ONU, Volker Turk, considerou vital que a transição de poder em Bangladesh seja pacífica e guiada pelos princípios fundamentais.
Outros requisitos são que o processo esteja alinhado com as obrigações internacionais do país e que os responsáveis pela morte das centenas de pessoas e ferimentos de outros milhares sejam responsabilizados.
Turk pediu uma transição conduzida de forma transparente, responsável, inclusiva e “aberta à participação significativa de todos os bengaleses sem mais violência ou represálias.”
Cenas de euforia
Na entrevista, a chefe da ONU em Bangladesh descreveu uma segunda-feira marcada por jovens e pessoas de todas as faixas etárias que saíram às ruas para comemorar.
Lewis citou, no entanto, cenas de destruição, vandalismo e atos de retaliação com ataques contra delegacias de polícia que eram consideradas ligadas ao governo em ações contra os manifestantes. Várias delas foram incendiadas e policiais mortos.
Já nesta terça-feira, a chefe da ONU em Bangladesh considerou as primeiras horas do dia marcadas por uma situação de calma relativa, enquanto se tentava entender melhor a situação.