ONU pede acesso seguro para ajuda humanitária em Gaza – EERBONUS
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ONU pede acesso seguro para ajuda humanitária em Gaza

Há três meses, o grupo Hamas atacou o sul de Israel, resultando em 1,2 mil mortos e 240 pessoas feitas reféns. Em resposta aos eventos de 7 de outubro, as forças israelenses iniciaram uma campanha de retaliação na Faixa de Gaza, região liderada pelo grupo.

Desde então, foram mais de 20 mil palestinos mortos, inúmeros bombardeios e o constante agravamento da crise humanitária no enclave. A principal autoridade da ONU no local é a Agência de Assistência para Refugiados Palestinos, Unrwa, que atua em diversas frentes, incluindo na educação, apoio humanitário, serviços sociais e médicos.

Ajuda humanitária chega em abrigo da Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa, em Zawaida, na região central de Gaza

Bloqueios na ajuda humanitária

O comissário-geral da agência, Philippe Lazzarini, afirmou que recentemente, autoridades israelenses insinuaram ou diretamente responsabilizaram a Unrwa por lacunas na entrega de ajuda na Faixa de Gaza. Essas declarações foram amplificadas pela mídia, criando um fluxo de desinformação infundada.

A agência da ONU explica que as severas restrições ao acesso humanitário impostos pelas autoridades israelenses criam vários desafios para as operações humanitárias.

Com a piora na situação e a continuação da violência, esforços diplomáticos resultaram na Resolução 2720 do Conselho de Segurança da ONU, exigindo a entrega imediata, segura e sem impedimentos de assistência humanitária em escala direta à população civil palestina em toda a Faixa de Gaza. 

No entanto, a entrega de ajuda urgentemente necessária continua limitada em quantidade e cheia de obstáculos logísticos. Segundo a Unrwa, durante as duas primeiras semanas do conflito, as autoridades israelenses impuseram um cerco à Faixa de Gaza, proibindo a entrada de todos os suprimentos, incluindo alimentos, água, medicamentos e combustível.

Impasses na fronteira

A primeira entrega de ajuda humanitária foi permitida em 21 de outubro após um “processo de verificação complicado e demorado”, incluindo o redirecionamento de caminhões via Israel. 

Desde então, apesar de algum aumento nos caminhões, principalmente do Egito e através da passagem de Rafah, a quantidade permaneceu insignificante diante de imensas necessidades humanitárias. 

Essas entregas não incluíram combustível até 18 de novembro, limitando estritamente a capacidade da Unrwa e de outras organizações humanitárias de operar. A agência solicitou a abertura de outros pontos de passagem para permitir um fluxo substancial de suprimentos humanitários básicos e urgentemente necessários. 

Com a abertura de Karem Abu Salem/Kerem Shalom para a entrada de caminhões em Gaza, a comunidade humanitária esperava uma mudança muito aguardada na escala e no escopo dos comboios, o que não aconteceu.

Uma criança palestina ferida é levada às pressas para o hospital Al Shifa, em Gaza (arquivo)

Uma criança palestina ferida é levada às pressas para o hospital Al Shifa, em Gaza (arquivo)

Restrições israelenses

As dificuldades e restrições impostas pelas autoridades israelenses, segundo o Unrwa, são desde bombardeios constantes, ataques aéreos e confrontos até o acesso restrito dentro da Faixa, especialmente ao norte, incluindo pontos de verificação do Exército Israelense na linha de frente.

Além disso, a agência diz testemunhar o “estado de desespero” nas comunidades que se dirigem aos depósitos para pegar suprimentos ou interrompem caminhões de ajuda para comer no local. 

A Unrwa também cita o “colapso da ordem pública”, que dificulta a segurança dos comboios. Há ainda longos atrasos nos pontos de passagem de Rafah e Karem Abu Salem.

Segundo o chefe da Unrwa, há incidentes de segurança significativos, incluindo perto de Karem Abu Salem, tornando a área insegura. Transferências de prisioneiros e feridos não anunciadas e não coordenadas de Israel interromperam a operação em Karem Abu Salem por horas.

Por fim, Philippe Lazzarini destaca que já foram registrados sete cortes nas telecomunicações, incluindo internet e telefonia móvel desde o início da guerra, alguns com até 72 horas, afetando também as entregas de ajuda.

Colapso em Gaza

Assim, ele afirma que as avaliações sobre a fome em Gaza não devem ser uma surpresa, dadas as quantidades muito baixas de suprimentos e o colapso quase total do setor privado, incluindo comércio e lojas. 

Segundo Lazzarini, toda a população de Gaza, de 2,2 milhões de pessoas, agora depende quase exclusivamente de assistência humanitária, incluindo alimentos.

Por isso, ele fez um apelo às autoridades israelenses, outras partes do conflito e àqueles com influência sobre eles para garantir um ambiente para a entrega segura e sem obstáculos de ajuda humanitária.

O comissário-geral da Unrwa apontou recomendações para lidar com a situação na Faixa de Gaza. Primeiramente, é vital garantir que os suprimentos humanitários atendam às necessidades urgentes da região, incluindo itens essenciais como combustível, alimentos, medicamentos, água e itens de higiene, especialmente para grupos vulneráveis como mulheres, adolescentes e pessoas com deficiência. 

Rotas protegidas

Ele ainda pede que não haja confrontos nos pontos de passagem e com trabalhadores humanitários em toda a Faixa de Gaza. Além disso, Lazzarini avalia que é fundamental abrir rotas seguras e regulares para acessar o norte da região, proporcionando assistência a quem mais precisa, inclusive em instalações civis como hospitais, como é o caso do Al Shifa e outras unidades médicas.

Para ele, a revogação da proibição das entregas de suprimentos comerciais ao setor privado é uma medida crucial para reativar os mercados locais. Por fim, facilitar a entrega de assistência humanitária, reduzindo a burocracia, os atrasos e “pondo fim a acusações infundadas”, é essencial para uma resposta eficaz diante das necessidades da população.

Segundo o chefe da Unrwa, este não é o momento de trocar acusações e promover desinformação. Ele afirma que o direito internacional humanitário é muito claro: “o Estado de Israel, como potência ocupante, deve garantir que a população tenha acesso e receba serviços básicos”. Da mesma forma, todas as partes do conflito devem facilitar o acesso humanitário a todos os necessitados.

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