Nesta terça-feira, as Nações Unidas lançaram um apelo humanitário de US$ 426 milhões para o Líbano. O montante deve apoiar 1 milhão de deslocados pelos bombardeios israelenses que afetam vida dos libaneses desde 17 de setembro. Nas duas últimas semanas, a situação causou mais de 1 mil mortos e 6 mil feridos.
De acordo com o Escritório de Direitos Humanos da ONU, “cenas caóticas” se espalham por todo o território, forçando as pessoas a fugir dos ataques aéreos. Além da expectativa de mais deslocamentos com a continuação da violência, representantes das Nações Unidas destacam que atualmente não há suprimentos ou capacidade suficiente para responder à crise.
Cessar-fogo
O secretário-geral da ONU, António Guterres, emitiu uma nota afirmando que está extremamente preocupado com a escalada do conflito no Líbano. Além de pedir um cessar-fogo imediato, ele avalia que uma guerra total deve ser evitada a todo custo, e a soberania e a integridade territorial do Líbano devem ser respeitadas.
Segundo o comunicado, Guterres conversou com o primeiro-ministro do Líbano, Najib Mikati. Ele disse que o sistema das Nações Unidas no Líbano está mobilizado para ajudar todos os necessitados no país.
O chefe da ONU pediu apoio para o apelo humanitário de US$ 426 milhões lançado em Beirute. Guterres continuará seus contatos, e seus representantes no local também continuarão seus esforços para diminuir a escalada da situação.
Força da ONU na Linha Azul
A Força Interina da ONU no Líbano, Unifil, disse que foi informada na segunda-feira sobre os planos dos militares israelenses para “incursões terrestres limitadas”. A operação de paz afirmou que, apesar desse “desenvolvimento perigoso”, permanece em posição.
O comunicado adiciona que as equipes estão “ajustando regularmente a postura e atividades” e tem planos de contingência prontos para serem ativados se necessário. A Unifil afirmou ainda que a “segurança e a proteção das equipes são primordiais e todos as partes devem lembrar de sua obrigação de respeitá-las.”
A Unifil conta com cerca de 10,5 mil soldados de paz de 50 países que contribuem com tropas e realiza cerca de 14,5 mil atividades por mês.
Em uma declaração emitida em resposta à escalada na região, a Missão da ONU destacou que qualquer travessia israelense para o Líbano seria “uma violação da soberania libanesa e da integridade territorial, e uma violação da resolução 1701” emitida pelo Conselho de Segurança em 2006 com o objetivo de interromper a guerra entre Israel e o Hezbollah.
A nota também pede que as partes evitem a escalada da violência, que só levará a mais “derramamento de sangue”.
Crise no Oriente Médio
O Escritório de Direitos Humanos da ONU alertou que o aumento da violência no Oriente Médio tem o potencial de “engolfar toda a região em uma catástrofe humanitária e de direitos humanos”.
Além dos mais de 1 milhão de pessoas deslocadas no Líbano, os repetidos bombardeios do norte de Israel pelo Hezbollah, que começaram em resposta à guerra israelense em Gaza, desalojaram cerca de 60 mil pessoas.
Segundo o Escritório de Direitos Humanos, todas as partes dos conflitos devem distinguir claramente entre alvos militares e civis na forma como conduzem as operações.
O pedido é que os envolvidos façam tudo o que puderem para proteger a vida dos civis, suas casas e a infraestrutura essencial para sua existência diária, conforme claramente exigido pela lei humanitária internacional.