Nesta terça-feira o Conselho de Segurança da ONU se reuniu para debater a situação no Oriente Médio, em meio a relatos de um novo ataque mortal em Gaza.
O coordenador especial da ONU para o Processo de Paz na Oriente Médio, Tor Wennesland, disse aos membros do órgão que a região está na “conjuntura mais perigosa em décadas”.
Série mortal de ataques com vítimas em massa
Ele citou o ataque em Beit Lahiya nesta segunda-feira, que deixou 93 palestinos desaparecidos ou mortos, incluindo 25 crianças, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza.
Agências de notícias relataram que a ofensiva israelense atingiu um edifício de cinco andares onde palestinos deslocados estavam abrigados no norte de Gaza. Acredita-se que muitas pessoas ainda estejam presas sob os escombros.
Wennesland declarou ao Conselho de Segurança que este ataque é “mais um de uma série mortal de recentes episódios com vítimas em massa no norte de Gaza”.
O representante da ONU disse que violência no Território Palestino Ocupado e em toda a região não dá sinais de diminuir. Ele enfatizou que o conflito já deixou mais de 42 mil palestinos mortos e 1,6 mil israelenses desde outubro de 2023.
Desmoronamento das perspectivas de resolução
O coordenador especial relatou que esteve na semana passada em Gaza onde testemunhou que o nível de destruição “desafia a imaginação”.
Ele disse que na parte sul, “viu a magnitude da devastação que esta guerra infligiu à população. Wennesland relatou a “imensa destruição de edifícios residenciais, estradas, hospitais e escolas” e disse que se deparou com milhares de pessoas vivendo em tendas improvisadas, “sem ter para onde ir com a chegada do inverno”.
Para o coordenador especial essas não representam apenas “um terrível pesadelo humanitário”, mas também um “rápido e acelerado desmoronamento das perspectivas de uma resolução sustentável para este conflito”.
Wennesland disse estar “muito preocupado” com acontecimentos que estão minando os princípios fundamentais do processo de paz, potencialmente nos próximos anos.
Segundo ele, isto inclui a tentativa de Israel de desmantelar a Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos.
Acesso para serviços de resgate
O Escritório de Direitos Humanos da ONU, declarou estar “horrorizado” com o ataque em Beit Lahiya, em um edifício que abrigava crianças, mulheres e idosos.
O porta-voz do órgão, Jeremy Laurance, emitiu nota nesta terça-feira dizendo que este foi um dos ataques individuais “mais mortíferos em Gaza em quase três meses”.
Ele pediu por uma uma investigação “rápida, transparente e detalhada” sobre as circunstâncias deste ataque e as responsabilidades por detrás dele.
Para o Escritório de Direitos Humanos, “é imperativo que Israel permita o acesso de serviços de resgate de emergência a esses locais no Norte de Gaza”. Segundo a nota, em alguns casos, as próprias equipes de resgate foram atacadas enquanto tentavam chegar aos feridos.