Ataques com drones atingiram neste domingo a área da Central Nuclear de Zaporizhzhya, na Ucrânia. O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica, Aiea, Rafael Mariano Grossi chamou o incidente de “grave”, afirmando que ele coloca em risco a segurança nuclear.
Pela primeira vez desde novembro de 2022, a maior usina nuclear da Europa foi diretamente alvo de uma ação militar que também representa uma clara violação dos cinco princípios básicos para proteger a instalação estabelecidos pela Aiea no Conselho de Segurança das Nações Unidas em maio do ano passado.
Ataques “imprudentes”
Grossi afirmou que “esta é uma grande escalada nos perigos de segurança nuclear enfrentados pela usina de Zaporizhzhya”. Segundo ele, esses “ataques imprudentes aumentam significativamente o risco de um grande acidente nuclear e devem cessar imediatamente”.
Neste momento, não há indícios de danos aos sistemas críticos de segurança nuclear no local. No entanto, para a agência, os ataques militares são “um lembrete gritante de ameaças persistentes” ao local e outras instalações nucleares durante o conflito armado.
O diretor da Aiea fez um apelo aos líderes militares para que se abstenham de “qualquer ação que viole os princípios básicos que protegem as instalações nucleares.”
Depois de receber informações sobre os ataques com drones, os especialistas da Aiea que atuam na usina foram avaliar os locais afetados. Eles conseguiram confirmar o impacto físico das detonações dos drones, inclusive em um dos seis prédios do reator, onde equipamentos de vigilância e comunicação pareciam ter sido alvejados.
Avaliação das áreas atingidas
A equipe da Aiea informou que observou restos de drones neste e em outros dois locais de impacto. Em um deles, do lado de fora de um laboratório, eles viram manchas de sangue ao lado de um veículo de logística militar danificado, indicando pelo menos uma vítima.
Os peritos relataram ter ouvido explosões e tiros de fuzil no local ao longo do dia. Além disso, a equipe da Aiea ouviu vários tiros de artilharia saindo de perto da usina.
Embora a equipe até agora não tenha observado nenhum dano profundo em sistemas, estruturas e componentes importantes para a segurança nuclear da usina, os especialistas relataram ter observado pequenas queimaduras superficiais no topo do telhado da cúpula do reator da Unidade 6 e em uma laje de concreto que sustenta os tanques de armazenamento de água de composição primária.
Segundo Grossi, embora os danos não tenham comprometido a segurança nuclear, “este foi um incidente grave que tinha o potencial de minar a integridade do sistema de contenção do reator”.