A onda de violência de gangues no Haiti obrigou mais de 15 mil pessoas a se deslocarem mais uma vez nos últimos dias. A maioria delas está em locais já disponíveis, enquanto outra parte vive em locais criados espontaneamente.
O Conselho de Segurança abordou o tema em portas fechadas após os atos que culminaram com a libertação de 4,5 mil presos. Entre eles estavam membros de gangues, bem como detidos pelo assassinato do presidente Jovenel Moise.
Objetivo declarado de derrubar o governo
Na sequência desses eventos, o alto comissário para os Direitos Humanos, Volker Turk, destacou a ação coordenada de gangues é contra instituições nacionais com o objetivo declarado de derrubar o governo haitiano.
Para Turk, a situação atual “é insustentável para o povo do Haiti”. Dados apontam que 1.193 pessoas foram mortas e outras 692 ficaram feridas na sequência da violência de gangues.
O chefe de direitos humanos repetiu o apelo para o envio urgente da Missão Multinacional de Apoio à Segurança no Haiti em apoio à Polícia Nacional e pela segurança ao povo haitiano.
Turk pediu, no entanto, que a força não administrada pela ONU atue “em condições que cumpram com as normas e padrões internacionais de direitos humanos”.
Violência fora de controle
Estima-se que o país caribenho tenha agora 313 mil deslocados internos por causa da violência.
Para a diretora executiva do Fundo da ONU para a Infância, Unicef, Catherine Russell, a violência no Haiti continua fora de controle. A chefe da agência destacou que “o mundo não deve ficar parado” e que agora é “hora de agir”.
A chefe do Unicef descreveu uma realidade em que centenas de milhares de crianças e famílias deslocadas não podem ter serviços e ajuda essencial, enquanto grupos armados dominam as ruas.
O Sistema das Nações Unidas no país aponta desafios urgentes como garantir acesso a alimentos, cuidados de saúde, água e instalações de higiene e apoio psicológico.
Busca de ajuda em espaços seguros e protegidos
Mesmo com o auxílio de emergência da comunidade humanitária, “a persistência e a expansão da violência alteraram gravemente as operações”.
De acordo com a chefe da ONU no Haiti, Ulrika Richardson, milhares de pessoas encontram-se desprotegidas, inseguras e expostas a todos os tipos de riscos em busca de ajuda em espaços seguros e protegidos.
Para a representante, o Haiti enfrenta uma complexa crise humanitária e de proteção na qual cada episódio de violência resulta em milhares de pessoas caindo em situações precárias e precisando de auxílio emergencial.
Ela pediu acesso irrestrito das organizações humanitárias em apoio às populações mais vulneráveis. Para além da ajuda humanitária, “o Haiti precisa de maior solidariedade internacional neste momento crucial”