Uma extensão da pausa nos combates em Gaza entre Israel e o Hamas na quinta-feira ofereceu esperança de que os trabalhadores humanitários da ONU e os parceiros de ajuda possam prosseguir com seus esforços para alcançar as pessoas mais vulneráveis do enclave.
A última atualização do Escritório de Assuntos Humanitários da ONU, Ocha, indicou que dois hospitais na Cidade de Gaza, Al Ahli e As Sahaba, receberam um total de 10,5 mil litros de combustível. A quantidade é suficiente para operar geradores por cerca de sete dias.
Mais ajuda urgente
No entanto, os trabalhadores humanitários alertam que, apesar do cessar temporário nos combates, é necessária muito mais ajuda com urgência.
Eles também apontam que quase não houve melhora no acesso à água limpa para os moradores do norte de Gaza.
A maioria das principais instalações de produção de água foi desligada por falta de combustível ou danos dos ataques aéreos israelenses lançados após os ataques do Hamas em 7 de outubro, que mataram 1,2 mil pessoas e mantiveram outras 240 como reféns.
Alimentos
A representante do Programa Mundial de Alimentos, PMA, no Oriente Médio, afirmou que a agência foi capaz de levar mantimentos até áreas que estavam bloqueadas por muito tempo.
No entanto, Corinne Fleischer afirma que para evitar o risco de fome, é “absolutamente necessário” muito mais do que seis dias para levar alimentos e distribuí-los com segurança.
Em seu perfil nas redes sociais, a diretora do PMA na região afirma que 40% das pessoas com quem funcionários da agência conversaram afirmam que estão sem comida por dias e 95% estão sobrevivendo com apenas três litros de água diariamente.
Corinne Fleischer ressalta que desde e o início da guerra, apenas 10% do alimento necessário para atender 2,2 milhões de pessoas em Gaza entraram na região.
Saúde feminina
O Fundo de População da ONU, Unfpa, estima que 50 mil mulheres grávidas estejam presas no conflito, com cerca de 5,5 mil partos previstos para os próximos 30 dias. A média é de aproximadamente 180 partos por dia. Mais de 840 mulheres podem enfrentar complicações relacionadas à gravidez ou ao parto.
Mesmo com a entrada de ajuda desde o início da pausa humanitária, em vigor desde a manhã de 24 de novembro, o fluxo de mantimentos que entra em Gaza do Egito ainda não atende à imensa necessidade.
Segundo o Unfpa, a maternidade do Hospital Nasser em Khan Younis, Gaza, tenta atender às necessidades de mulheres grávidas e recém-nascidos.
Atualmente, existem apenas cinco hospitais funcionais no sul, e o Hospital Nasser é a única instalação funcional com capacidade para lidar com casos críticos de trauma e realizar cirurgias complexas.
Da primeira semana de novembro até hoje, o Unfpa distribuiu mais de 150 kits de saúde reprodutiva entre agências para o Hospital Nasser e outros seis centros em Gaza. Também estão sendo distribuídos 8,6 mil kits individuais para higiene no parto.
Desde o início da violência em 7 de outubro, mais de 15 mil civis foram mortos. De acordo com os relatos, dois terços deles são mulheres e crianças.