Em sessão do Conselho de Segurança das Nações Unidas nesta quarta-feira, o secretário-geral António Guterres fez um apelo urgente por um cessar-fogo imediato no Oriente Médio.
Guterres descreveu a situação na região como estando “prestes a se tornar um inferno”, com o agravamento dos confrontos entre forças israelenses, grupos armados no Líbano e ataques de retaliação do Irã.
Oriente Médio no precipício
Para o chefe da ONU, “cada nova escalada serve de pretexto para a próxima” Ele adicionou que esse “ciclo de violência está levando o povo do Oriente Médio direto para o precipício”.
O secretário-geral ressaltou que a tensão na fronteira entre Israel e Líbano, que já existia há anos, atingiu um novo patamar desde o último mês de outubro, com trocas diárias de disparos entre o Hezbollah e as Forças de Defesa de Israel.
A ONU estima que mais de 1,7 mil pessoas tenham sido mortas no Líbano, incluindo mais de 100 crianças. Outras 346 mil foram forçadas a deixar suas casas. Guterres alerta que o impacto sobre civis é devastador e inaceitável, enfatizando que a segurança e a integridade de toda a região estão em risco.
Irã e Israel
A escalada atingiu um ponto crítico quando o Irã lançou cerca de 200 mísseis balísticos contra Israel, em resposta às mortes de líderes do Hezbollah e do Hamas.
O secretário-geral da ONU condenou a ofensiva e avaliou que esses ataques não fazem nada para apoiar a causa do povo palestino ou reduzir seu sofrimento.
Segundo ele, a escalada militar na região também aumentou a pressão sobre Gaza, onde Israel conduz uma campanha militar que, em suas palavras, é “a mais mortal e destrutiva” desde o início de seu mandato.
Guterres reforçou que é necessário romper o “ciclo doentio de escalada após escalada” e priorizar a diplomacia para evitar uma guerra em larga escala no Líbano e um agravamento ainda maior do conflito entre Israel e Palestina.
Cisjordânia
Ele chamou atenção para a deterioração das condições de vida na Cisjordânia ocupada, com a intensificação de operações militares israelenses e ataques de ocupantes de assentamentos, enquanto grupos armados palestinos continuam a responder com violência.
Para Guterres, os líderes não podem “olhar para o lado diante das violações sistemáticas do direito humanitário internacional”.
O secretário-geral concluiu o discurso com um apelo à comunidade internacional por um cessar-fogo imediato. A meta é que o fim de combates permita a entrega de ajuda humanitária, a libertação incondicional dos reféns e o início de negociações para uma solução sustentável com base em dois Estados.