As mulheres ocupam hoje um em cada quatro assentos parlamentares e a porcentagem da população feminina que vive na pobreza extrema caiu para menos de 10%.
Esses avanços foram apresentados nesta segunda-feira, no levantamento sobre gênero da edição de 2024 do Relatório de Progresso dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, ODS.
“O progresso é alcançável, mas não é suficientemente rápido”
A publicação organizada pela ONU Mulheres e pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas, Ecosoc, revela ainda que, entre 2019 e 2023, foram promulgadas 56 reformas legais em todo o mundo que procuram combater a desigualdade de gênero.
Apesar dos bons resultados, o estudo afirma que no ritmo atual, a paridade de gênero nos parlamentos não será alcançada até 2063. Além disso, serão necessários 137 anos para tirar todas as mulheres e meninas da pobreza.
Os dados apresentados no relatório mostram que nenhum dos indicadores e subindicadores do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 5, relativo à igualdade de gênero, estão sendo alcançados.
Segundo a diretora executiva da ONU Mulheres, Sima Bahous, o relatório revela a “verdade inegável: o progresso é alcançável, mas não é suficientemente rápido”.
Impacto econômico da desigualdade de gênero
Para ela, é preciso união para “continuar a desmantelar as barreiras que as mulheres e meninas enfrentam e construir um futuro onde a igualdade de gênero não seja apenas uma aspiração, mas uma realidade.”
O relatório sublinha o custo deste tipo de desigualdade. Por exemplo, a estimativa global anual dos países que não conseguem educar adequadamente as suas populações jovens é superior a US$ 10 bilhões.
Além disso, os dados apontam que os países de rendimentos médio e baixo podem perder mais US$ 500 bilhões nos próximos cinco anos se não superarem a disparidade digital entre homens e mulheres.
O subsecretário-geral das Nações Unidas para os Assuntos Econômicos e Sociais afirmou que “os custos da inação em matéria de igualdade de gênero são imensos”. Para Li Junhua “só podemos alcançar a Agenda 2030 com a participação plena e igualitária das mulheres e meninas em todas as partes da sociedade”.
Efeitos da legislsação sobre violência doméstica
O relatório inclui um conjunto de recomendações para eliminar a desigualdade de gênero em todos os 17 ODS. Um dos exemplos é na reforma jurídica, tendo em vista que os países com legislação sobre violência doméstica têm taxas mais baixas de violência entre parceiros íntimos. Nesses países, o índice desse tipo de caso é de 9,5% em comparação com 16,% naqueles que não a têm legislação específica.
O relatório apela por uma ação decisiva na Cúpula do Futuro, que acontecerá na sede da ONU em Nova Iorque de 22 a 23 de setembro.
Os autores pedem ainda o cumprimento das promessas da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável e o aumento dos investimentos para acabar com a discriminação contra mulheres e meninas.