Refugiados sudaneses enfrentam fome, doenças e violência no vizinho Chade em condições que refletem as do Sudão. O alerta foi dado nesta terça-feira pela Organização Mundial da Saúde, OMS.
A representante da agência no Sudão, Shible Sahbani, falou a jornalistas da cidade de Porto Sudão apontando “uma situação particularmente crítica” na região de Darfur. Mais de 800 mil pessoas estão sitiadas e sem acesso a serviços essenciais.
Viagem por três dias sem comida
Shible Sahbani disse que todos os refugiados que conheceu identificam a fome como o motivo que as levou a fugir do Sudão. Um dos exemplos é o relato de uma mulher recém-chegada a Adré, no Chade, contando que combatentes tomaram a comida que era produzida em Darfur e isso levou muitas pessoas a deixar “os vilarejos e a viajar por três dias sem comida.”
A representante da OMS pediu uma resposta urgente para as populações deslocadas na fronteira sudanesa marcada por “necessidades de saúde terríveis” de deslocados em ambos os lados.
Ela destacou que a presença de uma equipe na cidade fronteiriça chadiana de Adré avaliou as necessidades de saúde de refugiados e retornados do Sudão.
De acordo com a OMS, a equipe tinha o objetivo de melhorar as operações da agência e fornecer cuidados médicos essenciais aos afetados. Aproximadamente 13 milhões de pessoas estão deslocadas no Sudão.
2 milhões de sudaneses buscam refúgio em países vizinhos
Estima-se que mais de 2 milhões de sudaneses buscam refúgio em países vizinhos, onde o acesso à ajuda humanitária é severamente limitado.
Para a agência, a prioridade é a distribuição de suprimentos médicos, bem como a melhora da vigilância de surtos de doenças, dos serviços laboratoriais e da coordenação dos serviços por meio de vários parceiros de saúde.
A OMS destacou ainda que a resposta humanitária ao Sudão está subfinanciada, contando com apenas 26% do total do Plano de Resposta Humanitária e 36% do que é necesário para responder necessidades de neste ano.
Com a estação chuvosa se aproximando, espera-se que os esforços de ajuda se compliquem ainda mais.
A agência das Nações Unidas reitera o pedido por ação imediata e um cessar-fogo para evitar o agravamento da crise humanitária e atender às necessidades de saúde dos deslocados.