O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, OMS, lamentou nesta quarta-feira que o hospital Al-Shifa esteja agora inoperante e afirmou que sem esta unidade de saúde a situação em Gaza é ainda mais “desastrosa”.
Tedros Ghebreyesus disse que a OMS está buscando acesso ao local para avaliar o que sobrou e o que pode ser aproveitado. Ele enfatizou que “hospitais não devem ser usados como campos de batalhas” e ressaltou a preocupação com o aumento do número de pessoas que precisarão de evacuações médicas.
Gaza perde seu maior hospital
Al-Shifa era o maior hospital de Gaza e uma das mais antigas instituições de saúde palestinas. Na terça-feira, a porta-voz da OMS, Margareth Harris, afirmou que o sistema de saúde do enclave teve “o coração arrancado”.
O local foi alvo de uma operação militar e um cerco que durou duas semanas. Durante este período, segundo a OMS, pelo menos 21 pacientes morreram. O hospital possuía 750 leitos, 25 salas de cirurgia e 30 salas de terapia intensiva.
De acordo com profissionais humanitários da ONU, os impedimentos de acesso continuam comprometendo gravemente a capacidade das organizações humanitárias de alcançar as pessoas necessitadas na Faixa de Gaza.
27 crianças mortas pela fome
A organização Save the Children confirmou que até agora 27 crianças já morreram devido à fome e doenças e alertou que os menores em Gaza não estão recebendo os alimentos e cuidados médicos de que precisam para sobreviver, com alimentos sendo bloqueados a todo momento e o sistema de saúde destruído. De acordo com o Unicef, mais de 13 mil crianças foram mortas em Gaza desde 7 de outubro.
Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa, alcançou mais de 1,8 milhão de pessoas, ou 85% da população, com auxílio alimentar desde o início do conflito.
Quase 600 mil pessoas receberam cestas básicas emergenciais e 3,6 milhões de atendimentos foram realizados em postos e postos de saúde. A Unrwa continua apoiando o armazenamento e distribuição de produtos alimentícios para outras agências.
US$ 18,5 bilhões em danos à infraestrutura
O custo dos danos às infraestruturas críticas em Gaza é estimado em cerca de US$ 18,5 bilhões, de acordo com um novo relatório divulgado na segunda-feira pelo Banco Mundial e pelas Nações Unidas, com apoio financeiro da União Europeia. O valor equivale a 97% do PIB combinado da Cisjordânia e Gaza em 2022.
O relatório de Avaliação Interina de Danos usou fontes de coleta de dados remotas para medir os danos à infraestrutura física em setores críticos entre outubro de 2023 e o final de janeiro de 2024. O relatório conclui que os danos às estruturas afetam todos os setores da economia.
A habitação representa 72% dos custos. As infraestruturas de serviços públicos, como água, saúde e educação, representam 19% e os danos em edifícios comerciais e industriais representam 9%.
Estima-se que 26 milhões de toneladas de detritos e escombros tenham sido deixados após a destruição, uma quantidade que levará anos para ser removida.
Falta de acesso a moradia e serviços
O relatório também analisa o impacto sobre o povo de Gaza. Mais da metade da população está à beira da fome e toda a população está passando por insegurança alimentar aguda e desnutrição.
Mais de 1 milhão de pessoas estão sem casa e 75% da população está deslocada. Com 84% das unidades de saúde danificadas ou destruídas, e falta de eletricidade e água para operar as instalações restantes, a população tem acesso mínimo a cuidados de saúde, medicamentos ou tratamentos que salvam vidas.
O sistema de água e saneamento quase entrou em colapso, entregando menos de 5% de sua produção anterior, com as pessoas dependendo de rações de água limitadas para sobreviver. O sistema educacional entrou em colapso, com 100% das crianças fora da escola.
O relatório também aponta o impacto nas redes de energia, bem como nos sistemas gerados por energia solar e o apagão quase total desde a primeira semana do conflito. Com 92% das estradas primárias destruídas ou danificadas e as infraestruturas de comunicações seriamente prejudicadas, a prestação de ajuda humanitária básica às pessoas tornou-se muito difícil.