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Xi Jinping desembarca em San Francisco nesta terça para participar da cúpula anual da Apec (Cooperação Econômica Ásia-Pacífico, na sigla em inglês), bloco que reúne economias do Pacífico. Os encontros do líder chinês com Joe Biden e com empresários, marcados para esta quarta, são uma tentativa de apaziguar os ânimos entre os dois países e atrair investimentos para a economia chinesa.
- Segundo o Wall Street Journal, Xi queria encontrar os empresários antes mesmo de se reunir com Biden, o que indica a ansiedade de Pequim para voltar a atrair investimentos;
- O pedido foi recusado pela Casa Branca, que temia que o gesto fosse visto como desprestígio, e os chineses aceitaram.
Os ingressos mais baratos para o jantar dos empresários com Xi, organizado pelo Comitê Nacional para as Relações EUA-China, custaram US$ 2.000 (cerca de R$ 10.000). As vagas na mesma mesa do líder chinês saíram por não menos que US$ 40 mil (R$ 196 mil). As entradas se esgotaram em poucas horas.
Os organizadores disseram que Xi fará “um grande discurso” no evento. A expectativa é que ele anuncie alguma medida econômica mais robusta, como um pacote de incentivos ao setor privado ou reformas, em ações que podem impactar o setor imobiliário, o mercado de capitais e as dívidas nas províncias.
Se a agenda com empresários será robusta, pouco foi divulgado sobre o encontro do chinês com o presidente dos EUA. Novidades sobre restauração de canais de comunicação militares, aumento no número de voos diários entre os dois países e acordos para o combate às mudanças climáticas são aguardados. Não muito mais do que isso.
Por que importa: o encontro é um evento raro que não deve se repetir tão cedo. O que se espera da conversa, além da imagem do aperto de mãos, é que os dois consigam encontrar garantias mínimas para evitar fricções mais sérias entre seus países em um ano tão delicado como o que virá, com eleições em Taiwan e nos EUA.
Pare para ver
Autor: “Asas”, tela da artista chinesa-americana Hung Liu. Falecida em 2021, ela foi uma das primeiras mulheres chinesas a estabelecerem nos Estados Unidos uma carreira nas artes. Suas pinturas e gravuras refletem os traumas que viveu ao enfrentar o longo período da Revolução Cultural na China. Leia mais sobre ela aqui.
O que também importa
★ A China considera retomar compras do Boeing 737 Max. Isso findaria o congelamento nas compras de aeronaves da Boeing pelo país. Pequim proibiu que companhias aéreas adquirissem o modelo há quatro anos, após uma sucessão de acidentes com a aeronave. Segundo a Bloomberg, o sinal verde pode vir após o encontro entre Xi e Biden em San Francisco.
★ O chanceler do Japão, Yoshimasa Hayashi, pediu que o regime chinês liberte um cidadão japonês preso e condenado a 12 anos de prisão sem que acusações formais tenham sido reveladas. O homem tem cerca de 50 anos e trabalhava na Astellas Pharma, uma empresa farmacêutica com sede em Tóquio. Ele é apenas um dos cinco japoneses detidos na China, dois dos quais julgados e considerados culpados por crimes quase sempre relacionados à espionagem. O Ministério das Relações Exteriores não comentou o apelo.
★ A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, alertou que empresas chinesas que ajudarem a Rússia em seu aparato de guerra enfrentarão “consequências significativas” em breve. A declaração foi dada após uma reunião de dois dias de Yellen com o vice-premiê chinês, He Lifeng. Ela pediu ajuda do colega na repressão dessas atividades. He não comentou.
Fique de olho
A Meta Platforms, dona do Facebook, anunciou ter fechado um acordo com o gigante chinês Tencent para vender uma nova versão, mais barata, do seu headset de realidade virtual na China.
- A Tencent terá os direitos exclusivos de comercialização do equipamento da Meta na China. Ele deve chegar ao mercado no fim de 2024.
A Meta retorna à China 14 anos após o Facebook ser bloqueado no país por ter servido de plataforma para a comunicação de manifestantes do movimento de independência do Turquestão Oriental em Xinjiang, província de Urumqi.
Por que importa: nos anos que se seguiram ao bloqueio do Facebook na China, Mark Zuckerberg fez de tudo para influenciar o regime chinês a rever a decisão. Simbolismos como correr na Praça da Paz Celestial, aprender mandarim e promover esforços de Pequim em limpar o poluído ar da capital não funcionaram.
Agora, a Meta chega para explorar um novo mercado. A empresa tenta controlar a plataforma de realidade virtual mais popular do mundo e colocar a concorrência do seu VisionPro para escanteio.
Não está claro como o regime chinês vai reagir à inovação: não há qualquer regulação sobre o tema no país, o que torna investimentos arriscados.
Para ir a fundo
- A UFRJ realiza no dia 21 de novembro um minicurso virtual sobre a estratégia energética dos países do Brics. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas aqui. (gratuito, em português).
- Estão abertas as inscrições para a China Homelife Brasil, maior feira de fornecedores chineses do país. O evento acontece nos dias 11, 12 e 13 de dezembro em São Paulo e deve reunir 1000 expositores. Inscrições aqui. (gratuito, em português).