O eclipse solar total é um evento raro que ocorre, em média, a cada 375 anos no mesmo lugar; no Brasil, o último ocorreu em 1994 e o próximo só acontecerá em 2045. Contudo, o eclipse solar total não é o único fenômeno cósmico com essas características. Nomeado de ocultação, esse evento astronômico é tecnicamente semelhante aos eclipses totais e pode acontecer em diversas regiões do Sistema Solar — e fora dele também.
Um eclipse lunar também é considerado um tipo de ocultação, contudo, você precisaria estar no lado escuro da superfície lunar para assistir à Terra bloqueando o Sol por completo. Durante o evento, o que acontece efetivamente para os espectadores na Terra é que a sombra terrestre escurece a lua por inteiro, mas a observação é possível apenas em algumas regiões do planeta.
Inclusive, a Lua não oculta apenas o Sol. Regularmente, o satélite natural costuma ocultar estrelas — a estrutura também oculta planetas, mas esse fenômeno é muito mais raro. Atualmente, a tecnologia até permite que os pesquisadores utilizem os dados astronômicos para compreender quantas estrelas serão bloqueadas pela Lua nos próximos meses.
“A ocultação, obscurecimento completo da luz de um corpo astronômico, mais comumente uma estrela, por outro corpo astronômico, como um planeta ou satélite. Consequentemente, um eclipse solar total é a ocultação do Sol pela Lua. Medindo cuidadosamente a diminuição da intensidade de algumas estrelas à medida que desaparecem atrás da Lua, os astrônomos podem determinar os seus diâmetros angulares e verificar se são sistemas binários (um par de estrelas em órbita em torno do seu centro de gravidade comum)”, é descrito no site da enciclopédia Britannica.
A ocultação é um fenômeno de interesse da ciência, pois pode auxiliar os astrônomos na descoberta de algumas características desses objetos cósmicos bloqueados. É importante destacar que mencionei a Lua mais vezes, mas esse tipo de evento pode acontecer com todos os corpos celestes e em qualquer região do universo.
Para compreender melhor o que significa ocultação no universo astronômico, reunimos informações de astrônomos e outros cientistas da área. Confira!
Ocultações no espaço
A ocultação astronômica costuma ser mais observada da Terra, apenas pela facilidade e alta quantidade de instrumentos terrestres de observação, mas ela pode ocorrer com qualquer outro objeto no espaço.
Análogo a isso, a estrela principal de um sistema hipotético poderia eventualmente passar na frente de um exoplaneta e bloquear sua visão por aproximadamente uma hora. Um exemplo real de observação de ocultação fora da Terra ocorreu em 1969, quando os astronautas da Apollo 12 observaram um eclipse solar enquanto viajavam para a Lua.
O satélite natural comumente oculta estrelas, pois devido ao caminho da movimentação lunar, diferentes objetos estelares no caminho da observação podem ser bloqueados. Felizmente, os cientistas afirmam que o fenômeno pode ajudar a responder algumas questões sobre esses objetos ocultados, ou até mesmo refinar o atual conhecimento das posições e movimentos estelares.
A imagem apresenta a ocultação lunar do planeta Uranus, no dia 8 de novembro de 2022.Fonte: Wikimedia Commons
“Os astrônomos são capazes de determinar os tamanhos e formas precisas de planetas, asteroides e satélites, além das temperaturas das atmosferas planetárias, a partir de ocultações de estrelas. Durante uma ocultação estelar em 10 de março de 1977, os astrônomos descobriram inesperadamente os anéis de Urano”, a enciclopédia Britannica acrescenta.
A Associação Internacional de Tempo de Ocultação (IOTA) afirma que não é tão simples observar uma ocultação lunar, pois os observadores na Terra precisariam estar em um caminho que se estende por apenas alguns quilômetros. Ou seja, é necessário estar em uma região muito específica para perceber o fenômeno.
Assim como nas ocultações estelares, as ocultações planetárias podem oferecer informações importantes sobre os corpos celestes envolvidos. Em 2015, durante um sobrevoo da sonda New Horizons em Plutão, os cientistas mapearam sua atmosfera, mas uma ocultação em 1988 já havia revelado que o planeta possuía uma atmosfera rica em nitrogênio.
Nos últimos dez anos, Mercúrio passou pela frente do Sol e o bloqueou duas vezes, em 2016 e 2019. Em Vênus, a ocultação planetária também aconteceu em 2004 e 2012. O bloqueio temporário pode acontecer até com asteroides. E você, já observou uma ocultação?
Gostou do conteúdo? Então, fique por dentro de mais curiosidades astronômicas aqui no TecMundo. Se desejar, aproveite para entender como a ‘segunda Lua da Terra’ pode ter sido formada em cratera no satélite natural.