O balanço de mortos pelo incêndio que atingiu o dormitório de uma escola no Quênia subiu de 17 para 21, neste sábado (7), segundo o porta-voz do governo Isaac Mwaura.
No local do incidente foram encontrados 19 corpos e duas vítimas morreram no hospital, de acordo com
Mwaura. As autoridades também indicaram que dezenas de alunos seguem desaparecidos, causando angústia entre os familiares.
“É muito triste para a nação perder tantos jovens quenianos promissores. Estamos com o coração partido”, disse Mwaura. “É um desastre inimaginável”, acrescentou.
O incêndio começou na Academia Hillside Endarasha, no condado de Nyeri, na madrugada de sexta e se espalhou para um dormitório onde havia mais de 150 crianças.
A escola primária, que abriga cerca de 800 alunos com idades entre 9 e 13 anos, está localizada a cerca de 170 km ao norte de Nairóbi, a capital do país africano.
O vice-presidente Rigathi Gachagua disse na sexta-feira que ainda havia 70 crianças desaparecidas. O porta-voz do governo afirmou que cerca de 20 foram encontradas, mas não deu mais detalhes.
O presidente William Ruto declarou três dias de luto a partir de segunda-feira (9) e enfatizou que os responsáveis terão que prestar contas.
“Prometo que as perguntas difíceis que foram feitas, como por exemplo como essa tragédia ocorreu e por que a resposta não foi rápida, serão respondidas de forma completa, franca e sem medo ou favoritismos”, acrescentou em um comunicado.
O vice-presidente afirmou que uma investigação minuciosa de DNA seria necessária para ajudar a identificar as vítimas.
“Os corpos encontrados no local estão tão carbonizados que são irreconhecíveis”, disse na sexta-feira a porta-voz da polícia, Resila Onyango.
“Queremos começar hoje [sexta] o processo de exames de DNA”, disse à AFP o chefe de investigações de homicídios, Martin Nyuguto.
PAIS EM DESESPERO
A tensão era visível entre os familiares reunidos em frente à escola, aguardando notícias de seus filhos. Vários desabaram em lágrimas quando a polícia mostrou os corpos dos alunos na sala incendiada.
“Por favor, encontrem meu filho. Não é possível que ele esteja morto. Eu quero meu filho!”, gritou uma mulher ao se afastar do local.
“Estamos em pânico”, disse na sexta-feira Timothy Kinuthia, desesperado para encontrar seu filho de 13 anos. “Estamos aqui desde as 5h da manhã e não fomos informados de nada”, lamentou.
A estrutura do dormitório foi devastada pelo fogo, e seu telhado de chapas onduladas desabou completamente, constatou a AFP.
O prédio foi isolado com fita amarela pela polícia, que bloqueou todas as entradas.
A Comissão Nacional de Gênero e Igualdade do Quênia declarou que os relatórios iniciais indicavam que a residência estava “superlotada, violando as normas de segurança”.
O papa Francisco expressou neste sábado, em comunicado, sua “proximidade espiritual” com as famílias das crianças.
Tanto o Quênia quanto outros países da África Oriental têm enfrentado vários incêndios em escolas nos últimos anos. Em 2016, nove estudantes morreram em uma tragédia em um instituto feminino no bairro de Kibera, em Nairóbi. Em 2001, 67 alunos foram mortos em um incêndio criminoso em seu dormitório em uma escola secundária no distrito de Machakos, no sul do Quênia.