Com relatos de novos ataques aéreos israelenses em Gaza durante a noite de quarta-feira, a Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa, alerta que mais crianças foram mortas nos últimos meses do que em quatro anos de conflito em todo o mundo.
O comissário-geral da Unrwa, Philippe Lazzarini, afirmou que o conflito é uma “guerra contra as crianças” e o futuro delas. Ele descreveu como “espantosos” os dados mais recentes da autoridade de saúde de Gaza, indicando que pelo menos 12,3 mil jovens morreram no enclave nos últimos quatro meses, em comparação com 12,1 mil em todo o mundo entre 2019 e 2022.
Pedido de cessar-fogo
Em sua rede social, o chefe da Unrwa reiterou os apelos internacionais por um cessar-fogo imediato na área. Até o momento, mais de 31 mil palestinos foram mortos e pelo menos 72 mil ficaram feridos, de acordo com as autoridades de saúde locais.
Nesta terça-feira, o exército israelense afirmou que 247 soldados israelenses foram mortos em Gaza e 1.475 ficaram feridos desde o início da operação terrestre.
Os trabalhadores humanitários da ONU seguem alertando sobre a situação na Faixa de Gaza, onde uma em cada quatro pessoas está em risco de fome, ou pelo menos 576 mil pessoas.
Cerca de 25 pessoas já morreram de desnutrição aguda grave e desidratação no norte, de acordo com o Escritório da ONU para Assuntos Humanitários, Ocha, sendo que 21 delas são crianças.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, alertou que os jovens estão entre os menos capazes de lidar com a fome e as doenças. Eles correspondem a 1 milhão dos deslocados pela guerra. Além disso, cerca de 17 mil crianças estão desacompanhadas ou separadas, o equivalente a 1% dos 1,7 milhão de habitantes deslocados de Gaza.
Algum alívio para o norte de Gaza
Os esforços da ONU para ajudar a aliviar a situação em meio aos contínuos combates e bombardeios israelenses incluíram um comboio de ajuda do Programa Mundial de Alimentos, PMA, para a Cidade de Gaza na terça-feira. Foi a primeira missão bem-sucedida da agência ao norte desde 20 de fevereiro.
Na semana passada, 19 parceiros da ONU alcançaram uma média diária de 200 mil pessoas em Gaza com assistência alimentar, incluindo pacotes de alimentos e refeições quentes. Segundo o Ocha, mais de dois terços desse estão em Rafah e o restante em Deir al Balah, Khan Younis e outras áreas.
Ajuda hospitalar
Enquanto isso, a Organização Mundial da Saúde, OMS, e seus parceiros chegaram a mais dois hospitais no norte de Gaza na segunda-feira – Al Shifa e Al Helou. A agência da ONU também conseguiu entrar em outras instalações no fim de semana.
Alimentos e 24 mil litros de combustível foram entregues ao Al Shifa, juntamente com suprimentos médicos para 42 mil pacientes, incluindo medicamentos, drogas anestésicas e materiais cirúrgicos.
Em sua rede social, o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, disse que o Al Shifa estava funcionando apenas com o mínimo e precisava urgentemente de profissionais de saúde especializados.
Segundo ele, as necessidades continuam extremas no hospital Al Helou, com serviços limitados em todos os departamentos, juntamente com a escassez de combustível, alimentos, equipamentos cirúrgicos e equipe médica.