No futebol, duelo entre iraniano e israelense é pacífico – 02/10/2024 – O Mundo É uma Bola – EERBONUS
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No futebol, duelo entre iraniano e israelense é pacífico – 02/10/2024 – O Mundo É uma Bola

De um lado, o atacante iraniano Mehdi Taremi, 32, vestindo a camisa 99 da Inter de Milão. Do outro, o goleiro israelense Omri Glazer, 28, usando a 18 do Estrela Vermelha.

Seus países são inimigos e estão envolvidos no cenário de guerra no Oriente Médio que tem também como participantes diretos a Palestina e o Líbano, com o envolvimento das facções islâmicas Hamas (terrorista) e Hezbollah (extremista).

Horas depois de o Irã disparar dezenas de mísseis na direção de Israel, que se defendeu com seu avançado sistema tecnológico contra ataques aéreos, a Inter recebeu na Itália o atual heptacampeão da Sérvia.

A partida, válida pela segunda rodada da nova Champions League, o principal interclubes da Europa, poderia gerar animosidade entre Taremi e Glazer, caso eles decidissem defender os ideais políticos e religiosos de seus países.

Já houve casos no esporte, vistos inclusive em Jogos Olímpicos, em que determinado esportista se recusou a enfrentar outro por causa de desavenças diplomáticas.

Contudo no futebol, pelo menos desta vez, não foi o que aconteceu no estádio Giuseppe Meazza, também conhecido por San Siro.

Nele, reinou a paz, com as disputas restringindo-se apenas a uma ou outra falta mais dura de ambos os times.

Taremi e Glazer tiveram somente um momento de confronto direto, restrito exclusivamente ao âmbito esportivo.

Aos 32 minutos do segundo tempo de uma partida que a Inter ganhava bem, por 3 a 0, devido à competência maior nas finalizações, o árbitro alemão Felix Zwayer marcou um pênalti para a equipe mandante, sofrido pelo argentino Lautaro Martínez.

O cobrador oficial de penalidades máximas do time milanês é o turco Çalhanoglu, que já tinha sido substituído.

Lautaro seria a próxima opção, porém o artilheiro preferiu dar chance a Taremi, que chegara à Inter para esta temporada, vindo do português Porto, e estava zerado em gols.

O iraniano já vinha sendo a principal figura da partida, dando assistência para o segundo gol, do austríaco Arnautovic, e para o terceiro, de Lautaro –o primeiro, quem marcou foi Çalhanoglu, em cobrança de falta.

Taremi ficou então frente a frente com Glazer, separados por uma distância de 16,5 metros –o primeiro sobre a linha da grande área, o segundo sobre a linha do gol.

Olharam-se por alguns segundos, naquele momento em que o goleiro tenta adivinhar o que o batedor fará, onde chutará a bola.

Se houve alguma lembrança de cada um em relação aos recentes mísseis disparados pelo Irã –aos quais Israel prometeu revide– e às hostilidades entre as nações que começaram 45 anos atrás, nada foi percebido.

Taremi levou a melhor sobre Glazer. Cobrou com força média, no meio do gol, à meia altura, e o goleiro caiu para a direita. Nada de provocações na comemoração.

Assim, se não trocaram afagos ou abraços, esse iraniano e esse israelense deram exemplo de civilidade, algo que os líderes de suas pátrias estão bastante distantes de exibir.

Faltou, encerrado o jogo, virem a público para condenar o conflito destrutivo e sanguinário no Oriente Médio, a falta de consideração pelo seu semelhante, a ira, o ódio, a violência.

Somente falou aos microfones Taremi, eleito o melhor em campo: “Somos como uma família aqui, sempre queremos o melhor para cada um. Isso é o principal no nosso time”.

Pena que o discurso seja tão restritivo e não abranja a devida dimensão.

A família não deve ser “só aqui”, mas também ali, lá, acolá, em qualquer lugar. E “o melhor para cada um” deve ser desejado a todos os seres humanos. Isso é, ou deveria ser, o principal.


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