SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A empresária Luiza Helena Trajano, presidente do conselho do Magazine Luiza, afirmou nesta terça-feira (24) que ninguém sabe ainda o que aconteceu com a Americanas -varejista em recuperação judicial, com dívidas declaradas de R$ 42,5 bilhões, que assumiu ter sido alvo de uma fraude contábil nos últimos anos.
“Já vi muita empresa quebrar na minha trajetória no varejo -Casa Centro, Arapuã, Mappin, Mesbla, Modelar. Eu proíbo [os funcionários] de falar dos concorrentes, mesmo com investidor, sempre foi assim. Acho muito desagradável”, disse a empresária, durante evento promovido pela PwC na Arena Magalu, em São Paulo, para discutir a proteção de dados no varejo brasileiro.
Segundo Luiza Helena, o episódio Americanas -que envolveu uma fraude contábil nos balanços da companhia nos últimos anos, levando a um rombo de R$ 25 bilhões- foi ruim para o varejo como um todo.
“Mas até agora ninguém sabe o que aconteceu com a Americanas. Eu não sei e não quero saber, a não ser que tivesse uma pessoa lá de dentro que me contasse. O que existe é um nível de fofoca muito grande”, diz.
Na opinião de Luiza Helena, “foi muito pesado o que aconteceu”. “As auditorias estão morrendo de medo de tudo”, afirmou. “Todo episódio faz a gente repensar o que está fazendo, sempre procurando melhorar. Nos últimos dois anos, tivemos um grande crescimento na pandemia, incorporando novas pessoas. É importante rever os processos sempre.”
De acordo com a empresária, o código de governança do Magalu é muito rígido e não aceita negociação. “Não importa se você tem 19 anos ou 1 ano de empresa: se não respeitou o código de governança, está fora da companhia.”
Em março, a empresa informou, em fato relevante, que seu comitê de conduta e ética tomou conhecimento de uma denúncia anônima sobre irregularidades envolvendo a área de compras da companhia. A denúncia falava de bonificação paga a funcionários do Magalu por três distribuidores que fornecem produtos à varejista.
Segundo uma fonte do mercado financeiro, em tempos normais, um caso como esse seria conduzido internamente, sem a necessidade de exposição. Mas, por se tratar de um momento delicado na concessão de crédito para as empresas em geral, especialmente para as varejistas, expor eventuais “esqueletos” pode ajudar a resgatar a credibilidade.
A Americanas foi alvo de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) em Brasília, que encerrou suas atividades no final de setembro, sem apontar culpados. O relatório final, de autoria do deputado Carlos Chiodini (MDB-SC), não identificou os responsáveis pela fraude e se limitou a fazer sugestões de melhorias legislativas.
A PwC foi a auditoria da Americanas nos últimos anos. Quando o escândalo contábil da varejista veio à tona, o papel dos auditores da empresa, que não teriam identificado a fraude, foi questionado.
EMPRESÁRIA DIZ QUE VAI ABRIR ‘CASA DA LU’, INFLUENCIADORA DIGITAL DA REDE
Luiza Helena aproveitou o evento para anunciar que a Lu, influenciadora digital do Magazine Luiza, vai ter uma casa em São Paulo no ano que vem.
“Me inspirei na Casa da Barbie”, diz a empresária, referindo-se à personagem da Mattel que se tornou filme neste ano e gerou uma série de ações de marketing envolvendo a cor rosa, com direito à instalação da Barbie Dreamhouse The Experience, uma ‘casa’ montada no Shopping JK Iguatemi, em São Paulo.
De acordo com Luiza Helena, a casa deve ficar no Arena Magalu, na zona norte da capital paulista. A personagem, que nasceu em 2003 como uma vendedora virtual, hoje soma mais de 34 milhões de seguidores nas redes sociais -à frente da própria boneca Barbie, com cerca de 28 milhões, segundo o Magalu, citando dados do portal americano Virtual Humans.org.
A empresária afirmou ainda que, pessoalmente, não gosta do sistema de parcelamento sem juros adotado pela maioria dos varejistas no Brasil -incluindo a própria empresa.
Segundo ela, sua modalidade preferida é a de parcelamento em 15 vezes ou mais, com juros baixos, “para que o pobre possa comprar”. “Mas esta é a opinião da Luiza Helena, não é a do Magazine Luiza”, afirmou.
O grupo varejista controla a Luizacred, financeira fundada em 2001 com o Itaú Unibanco. Tem dois produtos: cartão Luiza (físico) e cartão Magalu (digital), por meio dos quais financia compras parceladas, com e sem juros.
Hoje o site do Magalu divide a compra sem juros no cartão de crédito, entre 2 e 10 vezes, dependendo do produto. No cartão Magalu, é possível comprar em até 12 vezes sem juros, ou em até 30 vezes, com juros.