O futebolista Nicko Sensoli tem 19 anos. Nasceu no dia 14 de junho de 2005, em San Marino, capital da República de San Marino.
Esse micropaís, de 61,2 km² (menor que, por exemplo, as cidades paulistas de Osasco e Barueri) e 33,6 mil habitantes (o mesmo que Penha, em Santa Catarina, e Novo Progresso, no Pará), fundado no ano de 301, fica incrustado na Itália.
É famoso por dar nome a um GP de Fórmula 1, disputado na cidade italiana de Imola. Foi nessa pista que, em 1994, Ayrton Senna morreu em um acidente na curva Tamburello. A corrida saiu do calendário em 2006.
Daquele 14 de junho até esta quinta-feira (5), Nicko jamais viu uma vitória da seleção de futebol de sua nação. Possivelmente cansou-se de ver derrotas: 128 no período, uma média de quase sete por ano. Empates nesse intervalo? Seis.
Futebol não é o forte de San Marino, muito pelo contrário. A seleção é considerada a pior do mundo. Está em último lugar (210º) no ranking da Fifa, liderado pela Argentina (o Brasil é o quinto).
Realizou sua primeira partida no dia 14 de novembro de 1990, sendo goleado por 4 a 0 pela Suíça. As derrotas por goleada se tornariam comuns: teve 13 a 0 para a Alemanha, 11 a 0 para a Holanda, 10 a 0 para Inglaterra, para a Noruega, para a Polônia e para a Croácia, só para citar as mais elásticas.
Vitórias? Vitória. Uma: 1 a 0 diante de Liechtenstein, um amistoso no Estádio de San Marino, em Serravalle, no dia 28 de abril de 2004, gol de Andy Selva, hoje com 48 anos.
Nicko, mencionado na abertura deste texto, viria ao mundo mais de um ano depois.
Por que ele é importante? Porque, em jogo pela Liga das Nações, campeonato entre países europeus que está em sua quarta edição, foi o responsável pela segunda vitória da história de San Marino –a primeira em jogo válido por competição.
O meia-atacante marcou, aos 8 minutos do segundo tempo, o único gol da partida diante do mesmo Liechtenstein superado, amistosamente no mesmo estádio, duas décadas atrás.
Certamente o ainda teenager, que atua pelo Sangiuliano, da quarta divisão da Itália, virou herói nacional, uma lenda viva, em tenra idade um dos maiores jogadores de uma seleção repleta de pernetas.
Tornou-se conhecido, célebre, “virou notícia”, e talvez consiga espaço em um clube maior para novamente merecer ter seu nome destacado.
Vale, inclusive, registrar o time de San Marino que fez história nesta semana: Colombo; Benvenuti, Cevoli, Rossi e Tosi; Capicchioni, Golinucci e Casadei; Contadini, Nanni e Nicko Sensoli. Entraram Zannoni, Battistini, Giacopetti, Benvenuti e Mularoni. Técnico: o italiano Roberto Cevoli.
O gol de Nicko deixa o país na liderança de seu grupo na Liga D, a quarta divisão da Liga das Nações, que funciona com acesso e descenso entre as ligas. Só quem está na Liga A pode ser campeão.
San Marino soma 3 pontos, e Liechtenstein e Gibraltar, que ainda não estreou nesta edição, estão com 0. Já ganharam a Liga das Nações Portugal (2019), França (2021) e Espanha (2023).
Agora, em seus pouco menos de 35 anos de atuação no futebol, San Marino acumula, em 215 partidas, 2 vitórias, 10 empates e 203 derrotas.
O próximo jogo é na terça-feira (10), um amistoso como visitante contra a Moldova, 152ª colocada no ranking da Fifa. Se San Marino conseguir pelo menos empatar, será a melhor sequência de resultados que terá tido.
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