Qualquer acordo de cessar-fogo em Gaza deve permitir que Israel retome os combates até que seus objetivos sejam alcançados, disse o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu neste domingo (7), enquanto havia expectativa da retomada das negociações sobre um plano dos EUA destinado a encerrar a guerra de nove meses eram esperadas para recomeçar.
Cinco dias depois de o Hamas ter aceitado uma parte fundamental do plano, dois funcionários do grupo terrorista palestino disseram que a facção aguardava a resposta de Israel à sua última proposta.
A agenda de Netanyahu incluía realizar consultas no domingo à noite sobre os próximos passos na negociação do plano de três fases apresentado em maio pelo presidente dos EUA, Joe Biden, e mediado por Catar e Egito.
O objetivo é encerrar a guerra e libertar cerca de 120 reféns israelenses mantidos em Gaza.
O Hamas abandonou uma demanda fundamental de que Israel se comprometesse primeiro com um cessar-fogo permanente antes de assinar um acordo. Em vez disso, disse que permitiria negociações para alcançar isso ao longo da primeira fase de seis semanas, disse uma fonte do Hamas à Reuters no sábado (6) sob condição de anonimato.
Mas Netanyahu disse que insistia que o acordo não deveria impedir Israel de retomar os combates até que seus objetivos de guerra sejam alcançados. Esses objetivos foram definidos no início da guerra como sendo desmantelar as capacidades militares e governamentais do Hamas, além de libertar os reféns.
“O plano que foi acordado por Israel e que foi bem recebido pelo presidente Biden permitirá a Israel devolver reféns sem infringir os outros objetivos da guerra”, disse Netanyahu.
O acordo, segundo ele, também deve proibir o contrabando de armas para o Hamas pela fronteira Gaza-Egito e não permitir que milhares de combatentes armados retornem ao norte de Gaza.
O diretor da CIA (agência de inteligência americana), William Burns, deve se reunir com o primeiro-ministro do Qatar e os chefes de inteligência israelense e egípcio na próxima quarta-feira (10) em Doha, disse uma fonte familiarizada com a questão que pediu para não ser identificada.
Burns também deve visitar o Cairo nesta semana, junto com uma delegação israelense, informou a emissora egípcia Al Qahera no domingo, citando uma fonte de alto escalão.
Uma autoridade palestina próxima às negociações disse que a proposta poderia levar a um acordo básico se for aceita por Israel, e encerraria a guerra.
“Deixamos nossa resposta com os mediadores e estamos aguardando a resposta da ocupação”, disse um dos dois funcionários do Hamas à Reuters, pedindo para não ser identificado.
Outra autoridade palestina com conhecimento das deliberações do cessar-fogo disse que Israel estava em negociações com os qataris e que uma resposta era esperada dentro de dias.
Protestos em Israel
Em Israel, manifestantes foram às ruas em todo o país para pressionar o governo a concordar com o acordo de cessar-fogo em Gaza, que traria de volta reféns ainda mantidos em Gaza.
Eles bloquearam o tráfego no horário de pico em grandes cruzamentos em todo o país, fizeram piquetes em frente às casas de políticos e atearam fogo em pneus na principal rodovia entre Tel Aviv e Jerusalém antes de a polícia liberar o caminho.
Em Gaza, autoridades de saúde palestinas disseram que pelo menos 15 pessoas foram mortas em ataques israelenses.
Entre eles estava Ehab al-Ghussein, vice-ministro do Trabalho nomeado pelo Hamas, cuja esposa e filhos haviam sido mortos em maio, e outras três pessoas mortas em um ataque a uma escola administrada pela Igreja na parte oeste da Cidade de Gaza que abrigava famílias, disseram o gabinete de mídia do Hamas e o Serviço de Emergência Civil.
O Exército israelense disse que, depois de tomar medidas para minimizar o risco de civis serem prejudicados, atingiu combatentes que estavam se escondendo na escola, bem como uma instalação nas proximidades onde armas estavam sendo feitas.
Em áreas centrais e do norte de Rafah, na fronteira sul de Gaza com o Egito, tanques israelenses intensificaram suas incursões. Autoridades de saúde locais disseram que recuperaram três corpos de palestinos mortos por disparos israelenses na parte leste da cidade.
Os braços armados do Hamas e do Jihad Islâmico, uma facção aliado, disseram que os combatentes atacaram as forças israelenses em várias localidades da Faixa de Gaza com foguetes antitanque e bombas de morteiro.
O Exército israelense disse que suas forças mataram 30 atiradores palestinos em Rafah no dia anterior, e que um de seus soldados foi morto em combate.
Em Shejaia, um bairro a leste da Cidade de Gaza, o Exército disse que suas forças mataram vários atiradores, e localizaram armas e explosivos. Tel Aviv publicou um vídeo de drone mostrando atiradores, alguns parecendo estar feridos ou mortos, em uma casa.
A Reuters não pôde verificar o vídeo de imediato.
O conflito foi desencadeado em 7 de outubro, quando combatentes liderados pelo Hamas, que controlava Gaza, atacaram o sul de Israel, matando 1.200 pessoas e levando cerca de 250 reféns, de acordo com cifras oficiais israelenses.
Mais de 38 mil palestinos foram mortos no ataque militar de Israel, segundo autoridades de saúde de Gaza, e o território foi em grande parte reduzido a escombros.