O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos pediu nesta quarta-feira uma “investigação independente, completa e transparente” sobre as circunstâncias das explosões simultâneas generalizadas da terça-feira no Líbano e na Síria.
Em nota, Volker Turk destacou a morte de 12 pessoas após a detonação de pagers. Segundo agências de notícias, explosivos teriam sido colocados nos aparelhos usados por membros do Hezbollah para enviar mensagens curtas.
Impacto sobre civis
O secretário-geral, António Guterres, afirmou estar profundamente alarmado com relatos da explosão de muitos dispositivos até esta quarta-feira. Em nota emitida pelo porta-voz, ele pede o máximo de moderação para que seja evitada qualquer nova escalada.
O líder das Nações Unidas pediu um novo compromisso dos envolvidos com a implementação total da resolução 1701 do Conselho de Segurança e que “retornem imediatamente à renúncia dos confrontos para restaurar a estabilidade”.
Há relatos de duas crianças entre os mortos e milhares de feridos, em uma situação que Turk classificou como chocante e com um impacto inaceitável sobre os civis. O chefe de direitos humanos sublinha ainda que o medo e o terror desencadeados pelas explosões são profundos.
O apelo para o que é tido como “momento extremamente volátil” é que os “todos os Estados com influência na região e além dela tomem medidas imediatas para evitar uma maior ampliação dos conflitos atuais”. Turk pede o fim dos “horrores diários” e do sofrimento.
O alto comissário destaca ainda que “já passou da hora de os líderes se manifestarem em defesa dos direitos de todas as pessoas de viver em paz e segurança” e terem a proteção dos civis como a prioridade máxima.
Violação do direito internacional
Para ele ter milhares de indivíduos como alvos, “sejam civis ou membros de grupos armados, sem conhecimento de quem estava de posse dos dispositivos visados, sua localização e seus arredores no momento do ataque, viola o direito internacional dos direitos humanos e, na medida aplicável, o direito internacional humanitário”.
Logo após as explosões, a coordenadora especial da ONU para o Líbano, Jeanine Hennis-Plasschaert, disse que estes episódios marcam uma “escalada extremamente preocupante no que já é um contexto inaceitavelmente volátil”.
Enquanto está sendo apurado o impacto total do ataque, Hennis-Plasschaert pediu a todos os envolvidos que se abstenham de qualquer ação adicional ou retórica bélica, porque “poderia desencadear uma conflagração mais ampla que ninguém pode pagar”.
A representante realça a urgência de restaurar a calma ao solicitar que os envolvidos nas tensões priorizem a estabilidade.