O Ministério Público da Venezuela, órgão controlado pela ditadura de Nicolás Maduro, anunciou nesta quarta-feira (7) a abertura de um inquérito contra os responsáveis pelo site resultadosconvzla.com, plataforma organizada pela oposição do país para divulgar as atas eleitorais do pleito do último dia 28.
Esses documentos, segundo os opositores, comprovam a vitória do ex-diplomata Edmundo González sobre Maduro por 67% contra 30% dos votos. Eles foram reunidos por testemunhas que acompanharam os centros de votação e digitalizados no site em questão.
A autenticidade das atas apresentadas pela oposição foi constatada como sendo altamente provável por uma análise independente de um grupo na Colômbia. Com base no conteúdo desses documentos, checagens de jornais como o New York Times e o Washington Post chegaram à mesma conclusão —Maduro foi derrotado nas eleições.
O Ministério Público venezuelano acusa os mantenedores do site dos crimes de usurpação de função pública, fraude de documentos públicos, incitação ao crime, crimes cibernéticos, e formação de quadrilha.
De acordo com um comunicado do procurador-geral, Tarek William Saab, a plataforma online é um local de publicação de “supostos documentos forjados ou falsificados, com os quais se pretende usurpar ilegalmente funções do Conselho Nacional Eleitoral, com essa informação falsa causando insegurança na população”.
Saab já abriu um inquérito contra a líder opositora María Corina Machado e contra González depois da publicação de uma carta na última segunda-feira (5) na qual o ex-diplomata se declara presidente eleito da Venezuela e pede apoio das Forças Armadas.
Na ocasião, o procurador-geral alinhado ao chavismo disse que as falas contidas na carta flertam com crimes de difusão de informação falsa para causar conflitos; associação para delinquência e conspiração; instigação a insurreição e usurpação de funções (no caso, da Presidência).
O Ministério Público do regime também busca identificar responsáveis por supostos incêndios criminosos em prédios públicos com pessoas dentro, mas não citou os nomes dos investigados nem deu detalhes das ocorrências.
Dias depois das eleições, Saab havia dito que mais de mil pessoas foram presas em manifestações contra o regime e que os detidos seriam acusados de envolvimento em focos de violência. “Não vai ter clemência, vai ter justiça”, afirmou.