Crescem os receios da comunidade humanitária quanto à segurança das operações em Gaza, após um ataque aéreo que nesta terça-feira causou a morte de sete trabalhadores da ONG World Central Kitchen, no norte.
Altos funcionários da ONU expressaram indignação com o assassinato de trabalhadores da iniciativa de entrega alimentar que ofereceu mais de 35 milhões de refeições quentes desde outubro de 2023 em mais de 60 cozinhas comunitárias.
Funcionários humanitários mortos desde outubro
Agências de notícias relataram que as vítimas foram um trabalhador com cidadania norte-americana e do Canadá, bem como nacionais da Austrália, da Polônia, do Reino Unido e um palestino. As forças de Defesa de Israel disseram estar investigando o “incidente trágico”, segundo os relatos da mídia.
Para o subsecretário-geral da ONU para os Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, apesar de “toda a conversa em curso sobre cessar-fogo, a guerra rouba o melhor” de todos.
O coordenador humanitário para o Território Palestino Ocupado disse que o incidente não é isolado. Jamie McGoldrick revelou que até 20 de março pelo menos 196 funcionários humanitários perderam a vida desde outubro passado, o triplo de mortes registadas em um único conflito durante um ano.
Para ressaltar como os Territórios Palestinos se tornaram “um dos locais de trabalho mais perigosos e difíceis do mundo, ele disse “não haver mais nenhum lugar seguro em Gaza”.
Momento de grandes dificuldades
Jamie McGoldrick fez um “apelo a todas as partes no conflito, incluindo o Governo de Israel é que respeitem o direito humanitário internacional, que proíbe atacar pessoal humanitário”.
McGoldrick destacou o papel dos trabalhadores humanitários de “aliviar o sofrimento das pessoas em crise”, e considerou essencial garantir sua segurança, juntamente com a dos civis que servem.
Para o representante, o ataque ocorreu num momento de grandes dificuldades e sofrimento em Gaza em que a ajuda alimentar é entregue quando dados recentes “mostraram que o risco de fome é iminente para os 2,2 milhões de habitantes”.
Hospital Al-Shifa em ruínas
Já a Organização Mundial da Saúde, OMS, reagiu ao encerramento das instalações do hospital Al-Shifa, com 750 camas. Para ele, tal acontece após vários dias de espera de uma permissão de Israel para chegar às instalações atingidas.
A agência destaca que os funcionários e pacientes sofreram “níveis horríveis de violência” no local que está agora reduzido a escombros. Autoridades do local relataram não haver mais capacidade de funcionamento do centro médico.
Em declarações a jornalistas, em Genebra, a porta-voz da OMS, Margaret Harris, descreveu a instalação como estando agora “em ruínas”. Ela informou que pelo menos 21 pacientes morreram durante o “cerco” das Forças de Defesa de Israel.
Em meio a essa realidade, o pessoal médico foi obrigado a transferir os pacientes para um escritório no recinto do hospital. O local sem sanitários e nem água ou comida cerca de 15 pessoas chegaram a partilhar a mesma garrafa de água.
Cuidados de saúde mental
O comissário geral da Unrwa, Philippe Lazzarini citou dados do Fundo da ONU para a Infância, Unicef, realçando que o conflito em Gaza tem sido “uma guerra contra as crianças, sua educação e seu futuro”. Mais de 13.750 menores de idade perderam a vida e 17 mil vivem desacompanhados ou separados dos parentes.
A agência estima que 10 crianças percam os membros inferiores a cada dia e outras dezenas morram devido à desnutrição e desidratação.
Com mais de 50 escolas completamente destruídas, os menores em Gaza carecem de cuidados de saúde mental, apoio psicológico e foram privados de educação há seis meses.