Partidário da ideia de que os clubes da Argentina, país que preside, tornem-se sociedades anônimas, o presidente Javier Milei, 53, declarou novamente nesta semana ser favorável à venda dos times a grupos estrangeiros.
Durante a feira agroindustrial Expoagro, na cidade de San Nicolás de los Arroyos (província de Buenos Aires), Milei declarou que esse movimento geraria uma capitalização imediata dos clubes.
O economista, que se define como um anarcocapitalista (seguidor de uma filosofia política libertária e defensor do livre mercado), afirmou saber que há interesse de um grande grupo em adquirir uma equipe do país.
“Neste momento existe a intenção do Manchester City de comprar um dos grandes clubes da Argentina. É um investimento monumental”, afirmou Milei, que na adolescência atuou como goleiro do Chacarita Juniors. Seu estilo arrojado rendeu-lhe o apelido de “Louco Milei”.
O Manchester City pertence ao City Football Group, empresa fundada em 2013 que tem como proprietários o Abu Dhabi United Group (da família real dos Emirados Árabes Unidos), que detém 81% das ações, a norte-americana Silver Lake Partners (18%) e a estatal chinesa CITIC Group (1%).
O City Football Group é dono (total ou parcialmente) de 13 times de futebol, incluindo o Man City, atual campeão inglês, europeu e mundial.
Integram também a lista o New York City (EUA), o Melbourne City (Austrália), o Girona (Espanha), o Palermo (Itália) e o Bahia (Brasil), além de um clube de cada um destes países: Japão, China, Bélgica, Uruguai, Índia, Tunísia e Bolívia.
Não é a primeira vez que Milei toca no tema.
Em dezembro, declarou, enfatizando ser ‘dinheiro rápido, um negócio muito fácil’, que o Chelsea “manifestou sua vontade de comprar Boca [Juniors], Racing, Estudiantes, Newell´s [Old Boys] ou Lanús” e que “há grupos árabes esperando para investir US$ 3 bilhões” –não mencionou quais.
Percebe-se que Milei mistura os clubes com seus respectivos donos. O Chelsea, inglês como o Man City, é administrado desde 2022 pelo consórcio de investimentos BlueCo, liderado pelo empresário norte-americano Todd Boehly.
O presidente diz acreditar que só com a injeção de quantias exorbitantes de dinheiro –vindas de fora, já que a Argentina vive em penúria econômica– as equipes podem obter resultados decentes.
“Ou preferem continuar nessa miséria, onde cada vez mais temos um futebol de pior qualidade?”, disse anteriormente, prosseguindo: “Sou torcedor do Boca. Se grupos de investimento vierem e colocarem uma fortuna no Boca e isso significar que o Boca sempre vença e que o River [Plate] não ganhe um único jogo, a pergunta é: onde eu assino?”.
Desse modo, Milei incluiu no Decreto de Necessidade e Urgência (DNU), assinado em dezembro e modificando ou revogando 366 leis que regulam atividades econômicas na Argentina, a possibilidade de os clubes se converterem em sociedades anônimas, se assim desejarem.
Não houve, depois das declarações de Milei, manifestação de BlueCo ou “grupos árabes” relativa a injeção de capital no futebol argentino.
O blog entrou em contato com o City Football Group para saber se a Argentina é um possível próximo alvo de investimentos no futebol, porém não houve resposta até a publicação deste texto.
No começo deste ano, a Confederação Argentina de Esportes (CAE) alertou que a decisão de incluir no DNU medida relacionada ao setor esportivo poderá gerar sanções de organismos internacionais, como Fifa e COI (Comitê Olímpico Internacional), por, de acordo com a CAE, violar a autonomia, estabelecida em lei, das associações esportivas.
Essas punições, especulativas até agora, significariam proibir a Argentina de participar de competições como Copa do Mundo e Jogos Olímpicos.
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