A Meta anunciou nesta segunda-feira (16) que planeja banir de suas plataformas veículos de mídia da Rússia sob a justificativa de que esses meios de comunicação realizaram campanhas de influência secretas nas redes sociais com o objetivo de manipular o discurso online. A proibição incluiria a rede de televisão estatal russa, RT, que tem sido alvo de escrutínio nos Estados Unidos.
A Meta, que é dona do Facebook, Instagram e WhatsApp, disse que a medida entraria em vigor nos próximos dias. O banimento intensifica as ações contra os veículos de mídia estatais russos que, segundo funcionários da inteligência dos EUA, realizam operações de desinformação nas maiores redes sociais do mundo.
“Após cuidadosa consideração, ampliamos nossa aplicação contínua contra os veículos de mídia estatais russos: Rossiya Segodnya, RT e outras entidades relacionadas estão agora banidas de nossos aplicativos globalmente por atividades de interferência estrangeira”, disse a Meta em um comunicado.
As autoridades americanas recentemente reprimiram a RT por tentar interferir na eleição presidencial de novembro. Na sexta-feira (13), os EUA, juntamente com o Canadá e o Reino Unido, acusaram a emissora de atuar como um braço das agências de inteligência da Rússia e anunciaram novas sanções para cortar o financiamento internacional de operações de desinformação em todo o mundo.
Anteriormente, dois funcionários da RT já haviam sido acusados de canalizar pelo menos US$ 9,7 milhões (R$ 53,5 milhões) para financiar podcasters americanos do Tenet Media, um site de streaming de vídeo do estado de Tennessee, na esperança de promover a propaganda do Kremlin e minar o processo político democrático americano.
“Estamos expondo como a Rússia emprega táticas semelhantes ao redor do mundo”, disse o Secretário de Estado dos EUA, Antony J. Blinken, na sexta. “O uso da desinformação pela Rússia como uma arma para subverter e polarizar sociedades livres e abertas se estende a todas as partes do mundo.”
O governo Biden intensificou seus esforços para frustrar as operações de influência da Rússia antes da eleição presidencial. Funcionários da inteligência dos EUA disseram que o Kremlin está buscando fortalecer a campanha do ex-presidente Donald Trump, irritado com o apoio da administração Biden à Ucrânia.
Nesta quarta-feira (17), o Comitê de Inteligência do Senado planeja realizar uma audiência sobre ameaças estrangeiras à eleição. Os legisladores estão programados para questionar Nick Clegg, presidente de assuntos globais da Meta, sobre a interferência estrangeira nas plataformas da empresa, bem como os principais executivos do Google e da Microsoft.
Desde a eleição de 2016, a Meta tem monitorado de perto as atividades de governos estrangeiros que têm abusado dos aplicativos da empresa para espalhar propaganda e inflamar eleitores. A empresa foi acusada naquele ano de permitir que russos transmitissem efetivamente mensagens divisivas no Facebook e Instagram, influenciando o resultado da eleição.
Em 2020, a Meta denunciou especificamente a Rússia por suas práticas e, em 2022, tomou medidas para limitar a disseminação da mensagem da mídia controlada pelo estado russo. Isso incluiu proibir os meios de comunicação de veicular anúncios globalmente e empurrar suas postagens para baixo nos feeds do Facebook e Instagram, para que fosse menos provável que os usuários as vissem. Agora, a Meta divulga relatórios periódicos sobre campanhas de desinformação estrangeira e as remove de suas plataformas se as encontrar.
A empresa não é a primeira a barrar veículos de mídia de Moscou. Em 2022, o YouTube proibiu sites de mídia estatais russos, incluindo a RT e a agência de notícias Sputnik, de postar vídeos em seu serviço. Os banimentos têm sido eficazes de forma esporádica, embora os sites de mídia tenham continuado a encontrar maneiras de contornar os obstáculos e espalhar suas mensagens.
Nos últimos 18 meses, a Meta se afastou da disseminação de postagens políticas em suas plataformas por ordem de Mark Zuckerberg, o diretor executivo da empresa. Isso resultou em menos postagens publicamente visíveis sobre notícias e questões sociais, disse a empresa. Executivos do Meta disseram que seus usuários desejam ver menos postagens políticas em seus aplicativos.