Com a provável extensão da pausa nos combates em Gaza para o quinto dia nesta terça-feira, os trabalhadores humanitários da ONU alertam que as entregas de ajuda precisam se multiplicar para atender os feridos e tentar conter o risco de um surto de doenças que deixou os médicos “aterrorizados”.
Entre as prioridades mais críticas está levar combustível para o norte do enclave, arrasado pela guerra, para que possa ser usado em hospitais, fornecer água limpa e manter outras infraestruturas civis.
Saúde das crianças
Esses serviços foram impactados por semanas de bombardeios israelenses em resposta aos massacres de 7 de outubro do Hamas no sul de Israel, que deixaram cerca de 1,2 mortos e cerca de 240 mantidos como reféns.
Autoridades de saúde de Gaza relataram que mais de 15 mil pessoas foram mortas nos ataques até o momento.
Em uma atualização do sul de Gaza, o porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, James Elder disse que um médico do hospital Al-Shifa, no norte, afirma que diarreia e infecções respiratórias ameaçam as crianças na região.
O representante do Unicef relatou que o profissional de saúde alerta para o surto de doenças e como isso pode impactar diretamente as crianças, que com sistemas imunológicos mais frágeis e falta de comida já estão “perigosamente fracos”.
Situação dos pacientes
Enquanto as negociações continuam para a libertação de mais reféns em troca da prorrogação da pausa nos combates, o Unicef ressaltou a situação de jovens “lutando por suas vidas”.
Com ferimentos, muitos são deitados em colchões improvisados, fora das instalações, com médicos tendo que tomar decisões “terríveis” para priorizar os pacientes.
Elder relatou o estado de um menino que teve a perna arrancada há “três ou quatro dias” quando tentava chegar ao sul do enclave. Ele ainda tinha estilhaços por todo o corpo, estava cego e com queimaduras em 50% do corpo.
Ecoando profundas preocupações sobre a escala das necessidades em Gaza, a Organização Mundial da Saúde, OMS, observou que uma avaliação realizada no norte no início da pausa nos combates em 24 de novembro mostrou que “todos em todos os lugares tem necessidades de saúde urgentes”.
Necessidades crescentes em todo o enclave
Falando em Genebra, a porta-voz da OMS, Margaret Harris, disse que isso ocorre porque as pessoas estão famintas, além de sofrerem com a falta água limpa e a superlotação das instalações de saúde.
Em sua última atualização, o escritório de assuntos humanitários da ONU, Ocha, disse que as entregas de suprimentos de socorro foram aceleradas ao sul de Wadi Gaza, onde a maioria dos aproximados 1,7 milhão de deslocados internos buscou abrigo.