O governo francês informou nesta segunda-feira (20) que mil policiais já chegaram no território francês da Nova Caledônia, no Oceano Pacífico, para tentar conter os protestos pró-independência que atingem o arquipélago desde o último dia 14.
As ruas das principais cidades estavam calmas na segunda, mas uma série de estradas importantes continua bloqueada e o aeroporto segue interditado, de acordo com o Alto Comissário francês para o território.
A Célula Coordenada de Ação em Campo, o grupo ativista que organiza as manifestações, disse que vai continuar a fechar as vias, mas que não apoia a violência. Partidos políticos pró-independência disseram que estão abertos a negociar assim que o governo francês engavetar a nova lei de reforma eleitoral que serviu de estopim para a crise. Já Paris afirma que reestabelecer a ordem é uma condição para o diálogo.
O texto em questão foi aprovado pela Assembleia Nacional da França no último dia 13. A emenda constitucional ainda precisa passar por uma sessão conjunta do Parlamento, mas ativistas pró-independência da etnia indígena Kanak dizem que a medida vai enfraquecer seus direitos políticos.
Isso porque a emenda vai acabar com o congelamento do eleitorado estipulado por um acordo de 1998 assinado entre o governo francês e movimentos armados pró-independência para encerrar os conflitos da época. O acordo dizia que o eleitorado não mudaria para refletir mudanças populacionais, excluindo das eleições locais pessoas que chegaram ao arquipélago depois de 1998, que hoje representam 20% da população.
Com o fim do congelamento, há uma estimativa que 25 mil pessoas vão passar a ter direito a voto —a maior parte delas, vindas da França metropolitana. Isso poderia alterar radicalmente a composição do governo local, que é liderado por partidos Kanak pró-independência. Toda a população já pode votar igualmente para presidente da França, Parlamento e Parlamento da União Europeia.
Seis pessoas já morreram desde que os protestos começaram, e as barricadas começam a restringir o acesso a comida e medicamentos. O primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese, disse que a situação no território, que está a 1.500 quilômetros a leste de seu país, é “muito preocupante”.