A Organização Mundial para Migrações, OIM, no Haiti alertou sobre a urgente necessidade de garantir rotas seguras e legais para os migrantes. Segundo a agência da ONU, mais de 86 mil haitianos foram deportados à força para o país caribenho por nações vizinhas somente neste ano.
Como exemplo da exposição do grupo às ameaças, o chefe da missão da OIM no Haiti, Gregoire Goodstein, apontou o incêndio que na sexta-feira matou pelo menos 40 migrantes quando o barco em que viajavam entrou em chamas na costa norte.
Migração de haitianos vem aumentando
A Guarda Costeira haitiana resgatou 41 sobreviventes e 11 foram hospitalizados, incluindo algumas vítimas de queimaduras.
A agência das Nações Unidas alerta que a migração de haitianos vem aumentando há meses com a fuga de milhares de pessoas do país devido ao “aumento na violência de gangues criminosas que agora controlam grandes faixas de território”.
Gregoire Goodstein descreve a situação socioeconômica do Haiti como sendo de agonia e a violência extrema. Nos últimos meses, a situação levou os haitianos a recorrerem a medidas desesperadas.
Caos político, violência de gangues e temporada de furacões
Antes, a ONU Mulheres destacou que muitas haitianas deslocadas estão cada vez mais vulneráveis à violência sexual com a piora da instabilidade no Haiti.
Um estudo divulgado pela agência defende haver 300 mil mulheres e meninas em meio ao caos político, à violência desenfreada de gangues e a atual temporada de furacões. Cerca de 580 mil pessoas foram deslocadas no país.
A Avaliação Rápida de Gênero da ONU Mulheres ressalta o perigo enfrentado em acampamentos improvisados sem comodidades essenciais. A situação torna o grupo particularmente suscetível à violência sexual e de gênero.
A pesquisa, realizada em abril, revelou uma falta de medidas básicas de segurança, como iluminação e fechaduras em áreas críticas, incluindo quartos e banheiros. A análise envolveu seis grandes locais de deslocamento em Porto Príncipe.
Nível sem precedentes de insegurança e brutalidade
A presença de gangues e a ameaça diária de balas perdidas ampliam os perigos, destacando a necessidade urgente de maiores medidas de proteção nesses acampamentos.
O estudo também aponta que a agressão, particularmente o estupro, é uma tática frequente de atuação de gangues para controlar o acesso das mulheres à ajuda humanitária nos acampamentos.
Comentando o estudo, a diretora executiva da ONU Mulheres, Sima Bahous, destacou o “nível sem precedentes de insegurança e brutalidade”, incluindo violência sexual enfrentada pelas haitianas nas mãos de gangues.
Desespero econômico enfrentado pelas mulheres
A chefe da ONU Mulheres pediu medidas do Governo do Haiti para prevenir e dar resposta à violência. Outro apelo é que mais haitianas estejam na gestão dos acampamentos para assegurar que suas preocupações com a segurança sejam abordadas.
O relatório revelou ainda o desespero econômico enfrentado pelas mulheres nesses locais, onde quase 90% delas carece de fonte de renda.
Mais de 10% das residentes já consideraram ou recorreram ao trabalho sexual para atender às suas necessidades básicas, enquanto 20% tinham informação sobre alguém que se tenha envolvido no tipo de atividade.