A violência na Cisjordânia ocupada, associada à guerra em Gaza, resultou na morte de mais de 500 palestinos desde 7 de outubro, afirmou o chefe de Direitos Humanos da ONU, Volker Turk, na terça-feira.
No mesmo período, 24 israelenses, incluindo oito que eram membros das Forças de Segurança de Israel, foram mortos na Cisjordânia e em Israel em confrontos ou supostos ataques de palestinos da Cisjordânia.
Derramamento de sangue sem precedentes
Volker Turk declarou que os trágicos eventos em Israel e Gaza nos últimos oito meses são insuportáveis e que o povo da Cisjordânia ocupada também está sendo submetido a um derramamento de sangue sem precedentes. Para ele, é incompreensível que tantas vidas tenham sido perdidas de forma tão arbitrária.
Segundo Turk, a matança, a destruição e as violações generalizadas dos direitos humanos são inaceitáveis e devem cessar imediatamente. Ele enfatizou que Israel deve adotar e aplicar regras que estejam totalmente de acordo com as normas e padrões de direitos humanos aplicáveis.
O chefe de direitos humanos da ONU também destacou a necessidade de investigar de forma completa e independente qualquer alegação de mortes ilegais, garantindo que os responsáveis sejam responsabilizados.
Força letal, o primeiro recurso
Volker Turk observou que o número de palestinos mortos já havia atingido um “recorde” nos primeiros nove meses do ano passado e aumentou “acentuadamente” após os ataques de 7 de outubro por combatentes liderados pelo Hamas, que deixaram cerca de 1,2 mil mortos e levou mais de 250 reféns.
Segundo o escritório de direitos humanos, desde o início de 2024, quase 200 palestinos foram mortos pelas forças israelenses, em comparação com 113 e 50 mortos nos mesmos períodos em 2023 e 2022, respectivamente.
Apesar da ausência de hostilidades armadas na Cisjordânia ocupada, as autoridades israelenses realizaram pelo menos 29 operações, desde ataques aéreos por veículos não tripulados ou aviões e o disparo de mísseis em campos de refugiados e outras áreas densamente povoadas.
Durante essas operações, 164 palestinos foram mortos, incluindo 35 crianças. Segundo dados, há uma “prevalência” de vítimas palestinas baleadas na parte superior do corpo e sem assistência médica. De acordo com a avaliação da ONU, ssso sugere “intenção de matar em violação ao direito à vida, em vez de uma aplicação gradual da força e uma tentativa de diminuir a tensão das situações.
Faixa de Gaza
Nesta terça-feira, o chefe do Escritório da ONU para Assuntos Humanitários no território palestino ocupado, Andrea De Domenico, afirma que o espaço restrito deixado para os civis na Faixa de Gaza está se tornando cada vez mais limitado e lotado.
Após passar três semanas no enclave, ele afirmou que as condições de vida são péssimas e estão corroendo o tecido social.
Mais de 1 milhão de pessoas fugiram da cidade de Rafah, ao sul, após o aumento das operações militares israelenses, de acordo com a agência de refugiados palestinos Unrwa.
Ele acrescentou que o ambiente para os trabalhadores humanitários continua perigoso e desafiador, apesar do envolvimento com as partes. Domenico também destacou a dificuldade de entregar ajuda aos necessitados, como mulheres, crianças, idosos e pessoas com deficiências, em meio a desafios de segurança e logística.
O representante relatou que, há dois dias, tiveram a pior experiências no transporte de mercadorias, com quase 70% dos suprimentos não chegando ao destino porque foi interceptado principalmente por criminosos, mas também por pessoas desesperadas.