A maioria dos portugueses admite ter dúvidas sobre o funcionamento das instituições da União Europeia, revela a Euroconsumers, entidade europeia de defesa de consumidores da qual faz parte a DECO PROteste, que realizou um inquérito a 1.003 portugueses entre 18 e 21 de março sobre as instituições do bloco. O levantamento foi realizado no âmbito das eleições europeias, que acontecem de 6 a 9 de junho, e as perguntas foram feitas em quatro países: Portugal, Espanha, Itália e Bélgica.
Questionados sobre a função e o funcionamento das instituições da União Europeia, apenas 24% mostraram estar bem informados; 19% revelaram mesmo um desconhecimento generalizado sobre a UE. As dúvidas mais marcantes são o modo como o número de deputados do Parlamento Europeu é determinado e como eles são eleitos, a rotatividade entre os países na presidência do Conselho Europeu e a forma como são aprovadas as diretivas.
O estudo indica ainda que um terço dos portugueses entrevistados não pretende votar nas eleições do Parlamento Europeu, justificando essa intenção com a ausência de informação disponível. Vale lembrar que, quando a pesquisa foi realizada, 56% dos portugueses diziam se sentir mal informados sobre os programas eleitorais dos grupos políticos com assento na instituição. Quanto aos entrevistados que disseram que vão participar, a decisão sobre o partido a votar baseia-se na informação dos programas eleitorais (41%) ou seguindo a sua cor política a nível nacional.
Entre os quatro países onde foi realizado este inquérito, Portugal é o que avalia mais positivamente a atuação da União Europeia nos últimos cinco anos, com uma média de 39% face aos 26% na média dos quatros países. A gestão da pandemia de Covid-19 é um dos aspectos que merece mais elogios por parte dos portugueses, com 68% a considerar que foi positiva.
Quanto aos aspectos que merecem mais críticas por parte dos portugueses, a inflação e o custo de vida lideram as respostas (73%, comparativamente a uma média de 65% dos quatro países). A imigração (52%), a guerra Israel-Hamas (45%) e a Guerra da Ucrânia (36%) são outras das maiores preocupações em Portugal.
Como maiores preocupações futuras dos entrevistados portugueses, destaque mais uma vez para a inflação e o aumento do custo de vida (71%), mas também deve ser realçado o receio de uma nova guerra mundial (56%) e as mudanças climáticas (49%).
Questionados sobre as ações que a União Europeia tem tomado, os portugueses enfatizam temas como a exigência às redes sociais para a proteção de crianças e adolescentes (80%), assim como medidas de cibersegurança mais restritivas que protegem os aparelhos conectados à internet (76%).
Já sobre as prioridades que acham que deve ter nos próximos cinco anos em temas como o consumo, os cidadãos portugueses consideram que deve ser atribuída alta prioridade a garantir que os medicamentos estejam disponíveis e a preços acessíveis (76%), assegurar que os seus atuais direitos sejam respeitados (73%), prevenir a disseminação de informação falsa por meio de inteligência artificial (73%) e combater as fraudes financeiras em linha (73%).
A pesquisa da Euroconsumers revela ainda que 83% dos portugueses concordam que a União Europeia deve ter sempre em conta o impacto das suas medidas nas gerações futuras.