Na Faixa de Gaza, bebês prematuros correm o risco de morrer. A questão se deve a um problema urgente: a falta de combustível nos hospitais. O território palestino está carente deste e de outros produtos básicos desde 9 de outubro, quando Israel decretou cerco total à região, impedindo que água, comida, medicamentos e outros itens de primeira necessidade cheguem até o enclave.
A decisão de Israel veio depois do ataque-surpresa do Hamas em 7 de outubro, quando terroristas do grupo palestino se infiltraram no sul de Israel, realizaram massacres e sequestraram centenas de reféns. Segundo as autoridades, cerca de 1.400 israelenses morreram na ofensiva, enquanto ao menos 239 outros estão sendo mantidos reféns pelos extremistas.
Hospitais em toda Gaza advertem que os suprimentos de combustível estão acabando em meio ao bloqueio total. Assim que os geradores pararem, os recém-nascidos que dependem de incubadoras elétricas para sobreviver poderão morrer em poucos minutos.
A escassez de combustível já levou ao fechamento de vários hospitais, entre eles o único hospital oncológico do território palestino. Na falta de medicamentos, os poucos hospitais que ainda funcionam estão realizando procedimentos sem anestesia. No Hospital al-Shifa, na cidade de Gaza, o maior complexo médico do enclave palestiniano, o pessoal médico descreveu as condições de trabalho como “catastróficas”.
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À emissora Al Jazeera, a jovem Samar Awad, de 25 anos, mãe de Talia, compartilha seu drama. Juntamente com o medo angustiante de que uma bomba possa matar seu marido e filho, de 3 anos, ela é dominada pela ansiedade de que a incubadora que mantém a filha recém-nascida viva possa ser desligada por falta de combustível.
“Tenho medo de que o hospital fique sem combustível”, afirmou Talia. “Quero que esta guerra acabe e que a minha filha volte para casa com o irmão e o pai, que sentem muita falta dela.”
Lina Rabie, de 27 anos, lutou durante anos para conceber um bebê. A bênção chegou, mas uma semana antes do início da guerra. Marwan, como foi nomeado o menino, nasceu na primeira semana do oitavo mês de gestação. Os médicos disseram a ela que a vida da criança corria perigo.
“A cada segundo da guerra, meu coração arde de medo pelo meu filho e por todas as crianças”, disse Lina. “Espero que o conflito acabe e meu filho se recupere, então poderei abraçá-lo quando quiser.”
A Agência de Saúde Sexual e Reprodutiva das Nações Unidas, a UNFPA, calculou que 50 mil mulheres grávidas foram afetadas pelo conflito em Gaza desde 7 de outubro. Estima-se que cerca de 15% dos nascimentos resultem em complicações. Como parte da ONU, a UNFPA tem apelado para que ocorra um cessar-fogo imediato.
“É preciso haver espaço e tempo para aliviar o sofrimento humano que estamos testemunhando em Gaza”, declarou à Al Jazeera Dominic Allen, representante da UNFPA para o Estado da Palestina. “A ajuda humanitária e os suprimentos devem ser autorizados.”
Centenas de caminhões com ajuda humanitária entraram em Gaza pela passagem fronteiriça de Rafah nas últimas semanas. Apesar disso, Israel impediu a entrega de combustível ao território palestino, alegando que isso poderia beneficiar o Hamas.
Nesta quinta-feira (2), o número de mortos na Faixa de Gaza chegou a 9.061, incluindo 3.760 crianças. Entre as vítimas estão os palestinos mortos após o ataque contra o campo de refugiados de Jabalia, no norte. Segundo o Ministério de Saúde de Gaza, 195 pessoas morreram e outras 777 ficaram feridas nessa ofensiva. Ao menos 120 pessoas estão desaparecidas sob os escombros.
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